09 set, 2024
Em França o Presidente da República tem constitucionalmente mais poderes do que, por exemplo, o Presidente português. Assim, Macron preside ao Conselho de Ministros.
Talvez levado por uma ideia irrealista dos seus poderes, Macron dissolveu a Assembleia Nacional, provocando eleições. Só que os resultados das eleições de 7 de julho não trouxeram uma maioria absoluta capaz de apoiar um governo; pelo contrário, o parlamento francês é agora extremamente fragmentado.
Por isso só 88 dias depois de dissolver a Assembleia conseguiu Macron indigitar um primeiro ministro, Michel Barnier. Criticando Macron, Olivier Faure, líder do Partido Socialista, apontou a estranheza de Michel Barnier pertencer a um partido que ficou em quarto lugar nas eleições. Em primeiro lugar nessas eleições ficou a Nova Frente Popular, de esquerda. Mas Macron não indigitou para chefe do Governo ninguém dessa frente porque “isso iria causar instabilidade política”.
Michel Barnier é um negociador experimentado, mas a esperança de vida do seu Governo (cuja formação não será fácil de concretizar) depende do partido União Nacional, de extrema direita, à frente do qual se encontra Marine Le Pen. Veremos que concessões fará Michel Barnier a Marine Le Pen.
Seja como for, é a primeira vez que a extrema direita dispõe deste poder político. Marine Le Pen dá assim mais um passo na sua caminhada para se tornar Presidente da República em 2027.
Em resumo, a situação política em França está mais complicada do que nunca. Sendo que há sérios problemas financeiros que afetam o Estado francês e que necessitam urgentemente de um governo forte e estável.
O ano de 2023 fechou com um défice orçamental representando 5,5% do PIB de França. E no ano corrente esse défice pode ser ainda maior. O Estado francês tem uma dívida que em abril de 2021 atingiu mais de 117% do PIB; depois baixou um pouco, mas agora ainda representa cerca de 110% do PIB.
Os problemas políticos e financeiros de França limitam a capacidade daquele país para dinamizar a União Europeia, que também está enfraquecida pela debilidade do Governo de coligação na Alemanha. São tempos difíceis, quando persiste uma guerra na Europa.