02 set, 2024
Na semana passada o procurador especial que investiga Trump pelas tentativas de anular o resultado eleitoral de 2020 apresentou uma nova acusação. Parte da acusação anterior podia ser anulada para respeitar a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de 1 de julho que reconheceu uma ampla imunidade ao presidente dos EUA, como era o caso de Trump quando se deu o assalto ao Capitólio. A nova acusação é formulada de maneira a evitar contradizer aquela decisão do Supremo.
Provavelmente o processo que agora foi desencadeado não conhecerá sentença antes da eleição presidencial, em 5 de novembro próximo. É importante, claro, que Trump responda na justiça americana pelas suas tentativas de impedir que Joe Biden assumisse o cargo para que fora eleito. Mas o essencial do “caso Trump” não tem a ver com leis; trata-se de saber se Trump é, ou não, um presidente que confia na democracia americana, tal como ela existe desde a independência dos EUA.
Trump tem muitos problemas com a justiça, que vão desde questões de negócios de legalidade duvidosa até envolvimentos com atrizes. A imagem que daí resulta não é brilhante, mas isso não é o essencial e serve até para evitar um juízo claro sobre o que mais importa. Como classificar de democrata uma pessoa que só aceita resultados eleitorais quando ganha?...
Os EUA mantiveram a sua democracia quando, nos anos 30 do século XX, muitos países europeus, incluindo Portugal, se afastaram da democracia pluralista. O regime democrático era então visto nesses países como uma relíquia do século XIX, um regime ultrapassado; modernos seriam o fascismo e o nazismo e regimes próximos.
Os Estados Unidos não sucumbiram à tendência anti-democrática. E lideraram o combate ao comunismo soviético, um regime totalitário. Irão agora os americanos ceder à sedução dos autocratas?