26 ago, 2024
O jornal Público do passado dia 22 dava conta de mentiras da extrema direita espanhola para promover a hostilidade à imigração. Assim, depois da morte de um rapaz de 11 anos, esfaqueado quando jogava futebol perto de Toledo, a extrema direita inventou nas redes sociais que o assassino seria um magrebino, o que é falso.
Em Espanha a extrema direita já conta com três formações diferentes, que concorrem entre si. Neste caso, a invenção sobre a identidade do assassino daquele rapaz visava, tudo indica, criar motins violentos contra a imigração, à semelhança do que aconteceu há cerca de um mês em Southport, no Reino Unido; a mobilização para aqueles motins baseou-se na difusão de uma falsidade – o autor da morte de três crianças seria um imigrante e radical islâmico. Mas felizmente não se repetiram em Espanha os motins de Southport.
Entretanto a extrema direita espanhola “noticiava” acontecimentos que não se confirmaram: “uma avalanche de esfaqueamentos, espancamentos de idosos, violações em grupo”, etc., em menos de 24 horas por toda a Espanha. Cabe ao jornalismo denunciar tão depressa quanto possível a veracidade das pretensas notícias originadas na extrema direita.
Por cá, tanto quanto se sabe, o Chega não emitiu falsas notícias alarmistas. Mas todo o discurso deste partido de extrema direita assenta numa visão negativa da imigração. Por isso pretende o Chega um referendo que limite a imigração, ignorando que hoje já trabalham entre nós quase meio milhão de imigrantes. E que sem o concurso destes imigrantes muitas atividades económicas correntes no país, da construção ao turismo, seriam pura e simplesmente inviáveis.