Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

Atenção à linguagem

23 ago, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Em democracia o derrotado numas eleições pode ser o vencedor em eleições seguintes. Contra esse espírito democrático surge, por vezes, uma linguagem anti-democrática.

Em democracia usar uma linguagem cortês quando se criticam adversários políticos não é apenas um imperativo de boa educação. É o reconhecimento democrático de que o adversário não é um inimigo.

Ao contrário do que acontece noutros regimes, a democracia não elimina os políticos derrotados: nunca a derrota é definitiva, salvaguardando-se sempre a possibilidade de quem perde uma eleição poder ganhar a seguinte.

Ora um certo grau de violência na linguagem no debate político revela a vontade, mais ou menos consciente, de eliminar o adversário, que terá passado a inimigo. Por isso é inaceitável em democracia.

O infindável incêndio na Madeira levou membros do governo regional a chamarem “abutres políticos” e “treinadores de bancada” aos políticos da oposição regional que criticaram a gestão do referido incêndio. Não são expressões próprias de um debate civilizado.

Entretanto, em Chicago, onde decorre a convenção do partido democrata, manifestantes reivindicando o fim do apoio norte americano a Israel, chamaram “genocida” ao presidente Joe Biden e “assassina” a Kamala Harris. Talvez estes esquerdistas prefiram Trump para ser de novo presidente dos EUA. Esquerdistas que mostram assim como se situam fora da democracia pluralista.

É próprio de autocratas troçarem das “boas maneiras” da democracia. Eles oferecem “soluções” expeditas para os problemas, desprezando aquilo que consideram mera perda de tempo – os debates parlamentares. Durante longos anos ouvimos em Portugal esta ladainha anti-democrática. Alguém quer regressar a esse tempo sem liberdade?

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.