21 ago, 2024
A candidata presidencial do partido democrata, Kamala Harris, tem insistido na necessidade de intensificar apoios à classe média. Uma estratégia que faz sentido, tendo o custo de vida como preocupação central.
Donald Trump conquista muita gente que se sente desprotegida. Mas as medidas económicas que Trump aplicou quando presidente não melhoraram a vida daqueles que se sentem marginalizados pelo progresso económico. Por isso deve Kamala tornar evidente essa contradição nos planos de Trump para a economia.
Trump classificou de “medidas comunistas”, “semelhantes à política de Maduro, na Venezuela”, a fixação de alguns preços, como defende Kamala. É evidente que a acusação falha o alvo, pois Kamala Harris não advoga qualquer eliminação do mercado (ou seja, do jogo da oferta e da procura) na atividade económica. Apenas reconhece que nem sempre o mercado leva, por si só, a situações socialmente justas.
Ora isto tem que ser bem explicado aos eleitores americanos, de maneira a que eles não se deixem levar pelas bombásticas, e frequentemente falsas, afirmações de Trump. Claro que a Convenção do partido democrata em Chicago é um espetáculo teatral e simbólico, importante para impulsionar a candidatura de Kamala. Um espetáculo onde brilham as “estrelas” do partido, como Bill Clinton e Barack Obama.
Mas importa também que o partido democrata se empenhe em denunciar que a aura de Trump, como um defensor dos que ficam para trás no progresso económico, não resiste à prova da realidade. E que quem realmente se interessa pelo bem-estar dos desfavorecidos é Kamala Harris e a sua campanha em prol da classe média.