12 ago, 2024
Na semana passada surgiram no Reino Unido as primeiras sentenças de prisão para manifestantes anti-imigração. Como o primeiro-ministro Keir Starmer tinha pedido, a justiça britânica foi rápida.
As manifestações contra a imigração, desencadeadas após o assassinato de três crianças (incluindo uma menina portuguesa) foram marcadas por uma extrema violência. Em grande parte porque muitos acreditaram nas falsas informações, emitidas a partir de Chipre, segundo as quais o autor daqueles crimes seria um muçulmano que teria chegado ao Reino Unido num barco com imigrantes clandestinos. A verdade é que – informou a polícia – o autor daqueles crimes é um jovem britânico. Mas tal desmentido não demoveu os desordeiros, que continuaram a propalar a falsa notícia.
Seguiram-se ataques a comunidades muçulmanas, a mesquitas, a hotéis abrigando requerentes de asilo, bem como à polícia, agredida com cadeiras, tijolos, pedras, etc. Estes motins estenderam-se a 22 cidades e vilas britânicas, atingindo também a Irlanda do Norte (que é território do Reino Unido). Não estávamos habituados a este grau de violência por parte dos britânicos.
Mas os britânicos tiveram, nos anos 30 do século XX, um partido abertamente fascista, dirigido por Oswald Mosley. Em 1940, já decorria a guerra contra a Alemanha nazi, Mosley foi preso para não difundir mensagens pró-nazis. Agora, a extrema direita conta com cinco deputados na Câmara dos Comuns.
Os tumultos em Inglaterra acalmaram a meio da passada semana, muito por terem surgido grandes manifestações pacíficas contra o racismo. Valeu, também, o reforço da polícia, que conseguiu evitar o embate entre manifestantes contra e a favor dos imigrantes.
Fica o alerta. A difusão de falsas notícias, suscetíveis de incendiar paixões, merece maior atenção por parte das autoridades. Mas numa democracia, como é a britânica, não são aceitáveis censuras à livre informação.