05 ago, 2024
O capitalismo atual tem acentuado as desigualdades económicas. Por vezes são os próprios ultra ricos que, conscientes dos danos na coesão social provocados por essas desigualdades, reclamam pagar mais impostos.
As desigualdades envolvem pessoas e empresas. Recentemente um acordo entre países com economia de mercado, incluindo Portugal, decidiu impor às empresas um imposto sobre o rendimento de pelo menos 15%. Este imposto tem em vista evitar que as empresas multinacionais desviem os seus lucros para países onde pagam menos ou nenhuns impostos.
O Brasil avançou agora com a proposta de um imposto global, ou seja, aplicado pela generalidade dos países. Mas um tal imposto será de muito difícil concretização.
Estas iniciativas revelam uma genuína preocupação com o agravamento das desigualdades económicas. Mas a intenção de aumentar os impostos sobre os ultra ricos choca com o fraco empenho de pôr termo ao enorme caudal de dinheiro que foge aos impostos graças aos paraísos fiscais.
Os próprios Estados Unidos, assim como a Grã-Bretanha, têm paraísos fiscais nos seus territórios. Enquanto eles se mantiverem, não terá grandes resultados agravar os impostos sobre os muito ricos. É uma incoerência que sai cara.