04 out, 2023 • Francisco Sarsfield Cabral
Prosseguem em Espanha as tentativas para formar um governo com maioria parlamentar. Agora é a vez de Pedro Sánchez tentar obter essa maioria, com base em apoios de partidos independentistas, nomeadamente de partidos da Catalunha.
Durante a ditadura de Franco não era autorizada qualquer manifestação de independentismo, bem como as línguas regionais eram proibidas. Depois da morte de Franco, em 1975, a democracia regressou a Espanha. Na Constituição de 1978 o território espanhol ficou dividido em 17 comunidades autónomas.
Estas comunidades têm um regime político semelhante ao que, entre nós, vigora na Madeira e nos Açores. Parlamento e governo próprios, escolhidos pelos eleitores da região. Aqui, o sentimento nacionalista pode manifestar-se, reconhecendo que Espanha é um país multinacional. Mas a Constituição de 1978 acentua a unidade de Espanha, naturalmente.
Ora há forças políticas em algumas comunidades autónomas que visam a independência da região onde se encontram – uma posição anti-constitucional. É esse problema que P. Sánchez tem dificuldade em ultrapassar.
As comunidades autónomas são, em Espanha, uma modalidade avançada de regionalização. Mas elas naturalmente encravam quando os partidos dominantes nessas regiões pretendem, e dizem-no, separar-se de Espanha.
Creio ser do interesse nacional português a manutenção de uma Espanha unida. A união ibérica já foi defendida em Portugal, mas não parece ter hoje muitos adeptos. Até porque já tivemos, entre 1580 e 1640, uma união desse tipo, que não deixou saudades.