27 set, 2023
O Governo deve decidir, esta semana, que privatização da TAP vai fazer - privatização total ou parcial. O primeiro-ministro A. Costa já tomou tantas e tão diferentes posições sobre a TAP que não é de estranhar uma nova posição. O que isto revela é a ausência de uma estratégia governamental amadurecida sobre o destino desta companhia aérea.
A TAP nasceu em 1945 e durante largos anos teve lucros graças aos mercados protegidos das colónias. Com a descolonização, começaram os problemas financeiros da TAP.
Na Comissão parlamentar de inquérito à TAP, cujas sessões foram em grande parte televisionadas, assistiu-se à deprimente incapacidade do Governo PS para gerir com competência a empresa. E como a TAP já absorveu mais de 3 mil milhões de euros de dinheiro dos contribuintes, há quem receie, agora, que o Estado volte aos nossos bolsos para sacar mais dinheiro para a TAP.
Em princípio, o Estado não poderá injetar mais dinheiro na empresa. Mas “gato escaldado de água fria tem medo”... E não é previsível que os contribuintes recuperem, com a privatização, o dinheiro metido na companhia aérea. Por isso o sentimento predominante dos portugueses é o desejo de se verem livres da TAP.
Para recuperar competitividade, a TAP foi submetida a um severo programa de contenção de custos, acordado com a Comissão Europeia, que incluiu reduções de salários, despedimentos, etc. Por isso a companhia teve lucros no ano passado, após cinco anos de prejuízos. Apesar de ter contribuído para essa recuperação, a CEO da empresa, Christine Ourmières-Widener, foi despedida por justa causa; a ex-CEO vai para tribunal exigir ao Estado uma indemnização.
É mais ou menos consensual a ideia de que a sobrevivência da TAP como companhia de bandeira viável implica a sua integração num sólido grupo empresarial. E importa que essa integração respeite alguns princípios ditados pelo interesse nacional. Como é o caso, por exemplo, da manutenção em Lisboa do “hub” (ponto de concentração de operações de voos) da TAP ou os seus voos servirem as comunidades de emigrantes portugueses espalhadas pelo mundo.
Já quatro possíveis candidatos à privatização da TAP mostraram interesse – a Lufthansa, a Air France-KLM e a Iberia-British Airways. Depois soube-se que um grupo privado português estará também interessado na privatização. Desse grupo faz parte Diogo Lacerda Machado, amigo do primeiro-ministro e que em tempos foi nomeado para o conselho de administração da empresa para... reverter a privatização.
Veremos o que a nova privatização irá trazer.