11 set, 2023
Foi conhecido há dias um estudo sobre a pobreza em vários países europeus, incluindo Portugal. Trata-se do primeiro Barómetro Europeu sobre Pobreza e Precariedade, encomendado pela organização não governamental francesa Secours Populaire Français. Foram ouvidas dez mil pessoas, com 18 anos ou mais, em dez países (Alemanha, França, Grécia, Itália, Polónia, Reino Unido, Moldávia, Portugal, Roménia e Sérvia).
O que esse estudo divulga pode ser considerado um violento murro no estômago. A presidente da Caritas portuguesa, Rita Valadas, classificou à Renascença de “assustadores” os números revelados naquele Barómetro. Por exemplo, o salário de metade dos portugueses empregados não chega para as despesas. Ou: Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais trabalhadores precários (e os dados mais recentes mostram um agravamento da situação).
Por outro lado, o Barómetro revela que quase metade dos europeus desistiram de aquecer as suas casas no inverno, devido a uma situação económica difícil. Além disso, 38% dos inquiridos já não fazem três refeições por dia, 39% deixaram de comprar carne para poupar dinheiro e 10% recorrem a associações de caridade para obter alimentos. Ou seja, a Europa, que julgávamos rica, está a ser fortemente atingida pela pobreza, a fazer fé neste Barómetro. Mas Portugal é um dos países europeus em pior situação.
Um dos dramas, em Portugal, reside em que o setor social está a perder meios para acorrer aos mais atingidos pela pobreza. "Os donativos vêm sendo cada vez menores. Nós temos famílias que eram doadoras e que estão, neste momento, a passar dificuldades, para as quais nós tivemos de encontrar soluções, porque elas próprias também estão em situação de risco", afirmou Rita Valadas à Renascença.
Ainda mais preocupante é a opinião da presidente da Caritas sobre o papel do setor social: este setor não está a ser capaz de retirar as pessoas da situação de pobreza. Rita Valadas dá o exemplo da campanha “Inverter a curva da pobreza”, que a Caritas lançou em 2020 e que ficou "muito aquém das necessidades".
Assim, a pobreza em Portugal é um drama envolvendo cada vez mais pessoas. Estamos a entrar numa situação de emergência social.