26 dez, 2022
A eleição presidencial de 2020, que Joe Biden ganhou, foi verbalmente contestada por Donald Trump, que a considerou fraudulenta, sem apresentar quaisquer provas. Mas dezenas de investigações independentes, designadamente por tribunais, não encontraram naquelas eleições qualquer motivo que permitisse a alegação de Trump de que as teria vencido por larga margem de votos.
Ainda hoje Trump repete essa mentira. Mais: aproveitando o seu domínio sobre o partido republicano, o ex-presidente pôs dezenas de políticos do partido a repetiram aquela ficção, como se acreditassem nela. Estranha situação esta, em que quem perde eleições logo as declara viciadas. Até imitadores estrangeiros de Trump, como Bolsonaro no Brasil, tentaram seguir este exemplo nada democrático.
Mas as eleições intercalares de novembro passado trouxeram uma surpresa: muitos dos candidatos apoiados por Trump não foram eleitos. Trump foi mesmo acusado de ter contribuído para os resultados dececionantes do partido Republicano nessas eleições. Entretanto, surgiu um candidato possível do partido Republicano para as eleições presidenciais de 2024: Ron DeSantis, governador da Florida, reeleito por uma ampla margem.
Em outubro, 56% dos inquiridos numa sondagem (eleitores republicanos) afirmavam querer que Trump se candidatasse em 2024; um mês depois, em idêntica sondagem, apenas 46% mantinham esse desejo. Em novembro, 17% não queriam que ele se candidatasse; agora já são 27% contra. Uma outra sondagem, sobre que candidato do partido republicano preferia para 2024, mostrou Ron DeSantis com 56% e uma vantagem de 23 pontos de percentagem sobre Trump.
Trump acabou? É cedo para o afirmar. Mas que o seu prestígio e o seu domínio sobre o partido republicano sofreram um forte abalo, não há dúvida. São boas notícias para quem receava uma degradação da democracia americana, impulsionada por Trump.