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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​O escândalo europeu

16 dez, 2022 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O que surpreende neste caso é a forma descarada, ou talvez também ingénua, como Eva Kaili surgiu a discursar no Parlamento Europeu, louvando o Qatar pelos seus pretensos avanços em matéria de direitos humanos. Ou como mantinha em sua casa sacos cheios de dinheiro.

As instituições europeias estão em choque por causa do escândalo de corrupção protagonizado pela vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, de nacionalidade grega.

Por 625 votos, apenas um voto contra e duas abstenções, Eva Kaili foi destituída da vice-presidência. Os socialistas europeus expulsaram-na do seu grupo parlamentar.

Há uma semana Eva Kaili foi detida em Bruxelas e nas buscas realizadas pelas autoridades no seu apartamento foram encontrados sacos com 150 mil euros em dinheiro, segundo a imprensa local.

O seu pai foi detido nesse mesmo dia em flagrante num hotel da capital belga, carregando uma mala com 600 mil euros em dinheiro. As polícias da Bélgica e da Grécia foram ativas no desmantelar deste caso.

Eva Kaili, bem como familiares e amigos, é acusada de promover medidas favoráveis ao Qatar a troco de dinheiro e de presentes.

Ou seja, aparentemente trata-se de um caso de suborno. A visada diz-se inocente, mas é difícil acreditar nela.

A presidente do Parlamento Europeu, a presidente da Comissão Europeia e outros dirigentes da UE apressaram-se a repudiar a atuação alegadamente corrupta de Eva Kaili.

O que surpreende neste caso é a forma descarada, ou talvez também ingénua, como Eva Kaili surgiu a discursar no Parlamento Europeu, louvando o Qatar pelos seus pretensos avanços em matéria de direitos humanos. Ou como mantinha em sua casa sacos cheios de dinheiro.

O discurso no Parlamento Europeu era tão chocante que logo levantou suspeitas.

Podemos interrogar-nos sobre o que aconteceria se os alegadamente subornados pelo Qatar tomassem as precauções a que geralmente os corruptos mais sofisticados recorrem.

Daí que, na sua luta contra a corrupção, o Parlamento Europeu deverá preparar-se para investigações mais complexas, sem as facilidades patentes neste caso.

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