21 nov, 2022
Na semana passada a população mundial ultrapassou os 8 mil milhões e vai continuar a aumentar. Assim como crescerá a população urbana (já mais de metade vive hoje em áreas urbanas), diminuindo o número de pessoas que vivem em meio rural.
Pelo contrário, o problema português é o de uma população que envelhece rapidamente. Cada vez mais as principais dificuldades das empresas em Portugal têm a ver com a falta de mão-de-obra, na agricultura, na indústria e nos serviços.
Recuperar uma taxa de natalidade mais alta parece uma ilusão. Então resta recebermos mais imigrantes. Por isso é necessária uma política ativa de atração de estrangeiros para trabalharem no nosso país.
A situação presta-se a graves violações dos direitos humanos dos imigrantes, que o poder político tem obrigação de combater sem hesitações. O facto de nos últimos anos terem sido detetados casos lamentáveis de exploração desumana de trabalhadores estrangeiros em território nacional não permite quaisquer otimismos nesta matéria.
Por outro lado, a tendência mundial de deslocação de habitantes das áreas rurais para áreas urbanas manifesta-se entre nós no despovoamento do interior e na concentração demográfica nas zonas urbanizadas do litoral. É muito difícil contrariar esta tendência; as pessoas em idade ativa que ainda permanecem no interior têm como objetivo prioritário mudarem-se para meios urbanos onde, pensam elas, poderão encontrar oportunidades de emprego. Assim, a acumulação de gente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, por exemplo, já diminuiu aí a qualidade de vida.
Daí que seja urgente encarar a sério esta questão. Como se tem visto, de pouco ou nada servirão alguns incentivos fiscais para travar o despovoamento do interior, que também atinge algumas áreas não urbanizadas do litoral. Talvez uma aposta forte no desenvolvimento de cidades do interior seja a resposta possível. Mas tal resposta teria de estar fundamentada em estudos credíveis, que por enquanto escasseiam.