07 out, 2022 • Francisco Sarsfield Cabral
A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e seus aliados, entre os quais se destaca a Rússia, decidiram reduzir a sua produção petrolífera a partir do fim do corrente mês. O corte na produção será equivalente a 2% da produção mundial de “crude”. É o maior corte desde 2020.
Hoje a OPEP e aliados produzem cerca de 40% do petróleo mundial. O preço do barril de Brent chegou aos 125 dólares em junho passado, depois caiu abaixo de 90 dólares; o corte da OPEP fê-lo subir para cerca de 93 dólares.
Se é verdade que os “stocks” estão baixos, por outro lado sabe-se que vários países da OPEP falharam investimentos na produção. O corte decidido pela OPEP poderá, até, acentuar a falta de interesse em investir num produto que deverá ser abandonado em favor de fontes energéticas não poluentes.
O cartel da OPEP e aliados já foi mais poderoso. Nos anos 70 do século passado a OPEP promoveu dois grandes choques petrolíferos. Recentemente os EUA tornaram-se também produtores de petróleo em larga escala, graças ao “fracking”, petróleo extraído de rochas de xisto, método que vários países europeus não permitem, pelas possíveis consequências negativas para o ambiente.
Quanto ao gás natural, é positivo que as reservas na Europa tenham atingido 90%. E a China importou menos gás, porque a sua economia está a crescer abaixo de 3% ao ano. O preço do gás natural tem vindo a baixar.
Mas os próximos tempos serão de forte agitação nos mercados do petróleo e do gás. As hesitações dos investidores perante o imperativo da descarbonização continuarão a provocar subidas e descidas bruscas nos preços. Os investidores receiam aplicar dinheiro na produção de combustíveis fósseis e depois não terem procura.