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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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O crescimento económico chinês desilude

08 ago, 2022 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A China teve o pior resultado no crescimento económico desde 1992, O partido comunista chinês e os seus apaniguados desdobram-se em intervenções pontuais, amedrontando os agentes económicos. O que envolve um custo económico.

A tensão suscitada pela visita de Nancy Pelosi a Taiwan e a retaliação da China remeteram para segundo plano os maus resultados da economia da China. Mas vale a pena reparar nesses resultados.

A economia chinesa cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre do corrente ano, face ao mesmo trimestre de 2021. O número é tão baixo que os observadores concluíram que ele é verdadeiro, ou seja, que as autoridades chinesas não procuraram “dourar a pílula” com alguma contabilidade criativa.

A China sofreu uma quebra de 7% no seu PIB no primeiro trimestre de 2020, por causa da pandemia. Depois, em 2021, a economia chinesa recuperou com um certo vigor, para agora voltar a desiludir. Nada fazia esperar, há meses atrás, um crescimento tão fraco no segundo trimestre deste ano.

Existem problemas no sector imobiliário chinês, onde se regista uma quebra no investimento. Mas a causa principal do abrandamento económico tem ainda a ver com a epidemia covid-19. O partido comunista chinês tem vindo a insistir numa política de covid 0. Assim, ao menor caso detetado de infeção as autoridades chinesas obrigam a confinamento.

Por isso largas zonas de Pequim e também de Xangai estiveram semiparalisadas durante meses, impedindo a população de se movimentar. A multiplicação de confinamentos traduziu-se em quebras na produção e em dificuldades no consumo, conduzindo ao pior resultado no crescimento económico chinês desde 1992, quando começou o registo estatístico da evolução do PIB.

Para além do que se passa quanto à travagem económica por causa dos confinamentos, este crescente intervencionismo do poder político, ou seja,

do partido comunista chinês, no funcionamento dos mercados e até na gestão das empresas, levanta crescentes dúvidas sobre a capacidade da atual economia para regressar ao forte crescimento de há décadas.

A liberalização de Deng Xiao Ping pertence ao passado. Xi Jinping quis travar as desigualdades económicas que o crescimento da economia chinesa agravou. Nada a criticar, exceto a forma discricionária, repressiva e autoritária como Xi Jinping procura alcançar os seus objetivos. O partido comunista chinês e os seus apaniguados desdobram-se em intervenções pontuais, amedrontando os agentes económicos. O que envolve um custo económico.

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  • João Lopes
    08 ago, 2022 Porto 20:50
    Os comunistas governam-se, mas não sabem governar. Os governantes são ditadores...