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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Salvar a democracia nos EUA

25 jul, 2022 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As sondagens sugerem uma vitória do partido republicano na maioria das eleições intercalares de novembro próximo. E também que Trump será reeleito presidente em 2024. Essa perspetiva deveria levar o partido democrata a mudar de estratégia. Este partido precisa de atrair os votos dos moderados.

Em novembro próximo haverá eleições intercalares nos EUA, a nível federal e estadual. As sondagens indicam, desde há longos meses, que muitos políticos do partido democrata serão derrotados nessas eleições. O que abrirá o caminho para Donald Trump se recandidatar em 2024, regressando à Casa Branca.

Uma tal perspetiva deveria fazer soar os alarmes de quem se preocupa com a saúde da democracia americana. Mas a experiência dos últimos dois anos mostra que não se pode contar com os políticos republicanos para travar a degradação da vida política americana. A larga maioria desses republicanos preocupa-se com as suas carreiras e não se impressiona com ter novamente na presidência dos EUA um líder que não aceita uma derrota eleitoral. Ora dificilmente se pode considerar democrático um regime onde eleições livres não ditem quem deve governar.

Já aqui referi o exemplo de Mitch McConnell, líder da atual minoria republicana no Senado federal. No final de 2020 McConnell fez um eloquente e corajoso discurso, denunciando a mentira de Trump, segundo a qual ele e não Biden teria ganho as eleições. Poucos meses depois perguntaram a McConnel qual seria a sua atitude se o partido republicano designasse como candidato presidencial D. Trump. McConnell disse que apoiaria a candidatura de Trump.

Por outras palavras, não se pode contar com os republicanos para impedirem o rombo na democracia que seria a reeleição de Trump. Esta é, pelo menos, a opinião do influente semanário “The Economist”.

Então, dir-se-á, porque não apostar no partido democrata? Porque os democratas estão a perder terreno para os republicanos, responde o “Economist”. Ou seja, para salvarem a democracia dos EUA, os políticos democratas têm de mudar.

O “Economist” avança uma série de críticas às posições políticas dos democratas. Em síntese, o semanário britânico considera que os democratas têm evoluído demasiado para a esquerda, afastando os eleitores moderados e centristas. Assim permitem que o partido republicano apresente os seus rivais democratas como movidos por ideologias socialistas.

Sabe-se como o socialismo é visto com pouca simpatia pela maioria dos americanos. Além disso os democratas têm apresentado reivindicações absurdas, como exigir o corte no financiamento das polícias. Vários políticos democratas tomam posições muito à esquerda, julgando que assim apressam uma revolução socialista, pelo menos um regresso a F. D. Roosevelt. O próprio J. Biden tem apenas uma taxa de aprovação de 39%, o que o “Economist” atribui ao apoio do presidente a posições de esquerda radical.

Não conheço o suficiente da vida política americana para julgar se o “Economist” tem plena razão nas críticas que formula aos políticos democratas. Sei apenas que a evolução da política americana, a prosseguir como até aqui, aponta no sentido do maior desastre democrático desde o fim da II guerra mundial. O que terá consequências em todo o mundo.

Comentários
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  • Ivo Pestana
    25 jul, 2022 Funchal 20:38
    Impossível, são muitos lobbies.