10 jan, 2025 • Anabela Góis
De facto, já eram previsíveis. Aliás, o relatório do serviço europeu Copernicus, divulgado esta sexta-feira, vem confirmar o que a Organização Meteorológica Mundial já tinha anunciado no final de dezembro: que 2024 não só foi o mais quente de sempre, como foi a 1ª vez que a temperatura média global ultrapassou 1,5 graus acima do seu nível pré-industrial. Em termos globais, ficou 1,6 graus acima da estimativa da temperatura anual no período 1850-1900.
Já agora, os 17,16°C de temperatura média global registados no dia 22 de julho marcaram um novo recorde.
De acordo com o Instituto do Mar e da Atmosfera, não. Apesar de termos passado por 8 ondas de calor, e de a temperatura média ter sido superior à europeia, 2024 foi o 4º ano mais quente, depois de 2022, 2023 e 1997, mas estes são dados ainda preliminares avançados ao Expresso, porque o relatório final do IPMA ainda não está concluído.
Mas, de acordo com dados divulgados, o mês de dezembro foi quente e extremamente seco em Portugal Continental. Aliás, foi o 8º mais quente desde o ano 2000, e o mais seco desde 1931.
O IPMA sublinha, de resto, que no dia 1 de dezembro, 40% das estações meteorológicas da sua rede registaram valores de temperatura máxima do ar acima de 20° C.
O resultado foi que houve um aumento da área em seca meteorológica, que se estendeu a toda a região Sul e a alguns distritos da região Centro, como Lisboa, Santarém e Setúbal
Sim, na Europa a temperatura média foi de 10,69 graus, sendo que tanto a Primavera como o Verão foram os mais quentes de sempre. Entre junho e agosto, a temperatura média esteve 1,54 graus acima do que é habitual.
Sim. De acordo com o Copernicus, as alterações climáticas induzidas pelo homem são o principal fator a justificar as temperaturas extremas da superfície do ar e do mar.
Ne entanto, há outros fatores - como o fenómeno El Niño - que também contribuíram para as temperaturas elevadas do ano passado.
Nem mais. O diretor do serviço Copernicus - que, por acaso, até se chama Carlo Buontempo - advertiu mesmo que a humanidade é responsável pelo seu próprio destino, e que ações rápidas e decisivas ainda podem alterar a trajetória do nosso clima.
E as elevadas temperaturas, juntamente com os níveis recorde de vapor de água no ano passado, resultaram em fenómenos extremos, como tempestades severas, inundações, incêndios ou ondas de calor sem precedentes, que afetaram milhões de pessoas.
E, mais uma vez, no ano passado, a extensão do gelo marinho em torno da Antártida e no Ártico voltou a encolher, o que é um indicador essencial da estabilidade do clima da Terra.