08 jan, 2025 • André Rodrigues
A poucos dias de regressar à Casa Branca, Donald Trump ameaça utilizar força militar para controlar o canal do Panamá e a Gronelândia.
Também o Canadá não escapa a atenção do futuro Presidente norte-american, que quer que o país passe a ser o 51.º estado dos EUA.
O Explicador Renascença esclarece.
Tudo se resume a uma palavra: controlar. Trump quer controlar regiões que considera estratégicas para a economia e para a segurança dos Estados Unidos.
Foi essa a explicação que deu aos jornalistas para justificar a possibilidade de um eventual recurso à força militar contra o Panamá e contra a Gronelândia.
No caso do Canal do Panamá, há, desde logo, uma razão histórica: foi inaugurado em 1914 para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico e foi administrado pelos Estados Unidos até ser devolvido ao Panamá a 31 de dezembro de 1999.
Desde essa altura, o Panamá melhorou as condições de tráfego por aquela via que, não é demais lembrar, é responsável pela circulação de 6% de todo o comércio à escala global. É aqui que entra a segunda razão para Donald Trump querer assumir o controlo do Canal do Panamá.
Em finais do ano passado, o Presidente eleito dos Estados Unidos já sinalizou esta possibilidade. Disse que vai exigir a devolução do Canal do Panamá à soberania norte-americana, se o Panamá mantiver as atuais tarifas de utilização daquela passagem entre o Atlântico e o Pacífico.
Trump acusa aquele país da América Central de cobrar taxas imorais às embarcações comerciais dos Estados Unidos, sugerindo o envolvimento chinês nesta estratégia.
Já. O Presidente do país reitera a soberania sobre o território e rejeita qualquer tipo de ingerência por parte dos Estados Unidos.
Aqui, o Presidente norte-americano sugere a aquisição do território. A Gronelândia é uma ilha na região do Ártico com soberania dinamarquesa.
É um território rico em recursos naturais e energéticos. Mas é também uma região estratégica em termos militares, sobretudo no que toca à instalação de bases militares com mísseis e submarinos.
No entanto, as autoridades dinamarquesas já reagiram a esta intenção: dizem que a Gronelândia não está à venda.
Aqui, Trump não fala de anexação, nem de força militar. Mas manifesta a vontade de fazer do Canadá o 51.º estado norte-americano.
Diz o Presidente eleito que isso eliminaria as tarifas comerciais, o que melhoraria a segurança económica.
Por outro lado, Trump critica os custos da proteção ao Canadá e diz que tudo seria muito mais simples se os dois países se unissem.
"Jamais!".
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, rejeita de forma veemente esta proposta e critica esta tentativa de interferência norte-americana.
Dizem que não há surpresa neste discurso expansionista que tem como o lema "America First" (América em Primeiro Lugar).
A agenda de Trump é clara: ampliar a influência norte-americana na cena internacional. Mesmo à custa da soberania de outros países.