06 jan, 2025 • Alexandre Abrantes Neves
Cinco anos depois do início da pandemia, há um vírus respiratório que está a deixar muita gente doente na China. No Explicador desta tarde, falamos do metapneumovírus humano (HMPV) e analisamos a vaga de infeções na China com a ajuda de um especialista.
Nas últimas semanas, os hospitais chineses têm relatado constrangimentos devido a uma nova vaga do chamado metapneumovírus humano (HMPV). É da mesma família do famoso VSR, o vírus sincicial respiratório e que afeta milhares de crianças em Portugal anualmente.
O HPMV é semelhante a uma gripe. Já é conhecido das autoridades de saúde e é habitual uma subida de infeções no inverno. Os especialistas dizem, por isso, que não há qualquer razão para alarme.
Os infeciologistas apontam como razão as máscaras utilizadas durante a pandemia.
Em declarações à Renascença, o infeciologista Jaime Nina esclareceu que muitas das crianças agora infetadas viveram os primeiros anos de vida sempre a utilizar máscara e, portanto, é “normal” que agora tenham "os anticorpos em baixo" em baixo e que contraiam a doença mais facilmente, "porque o vírus circula como eles circulam, a ir às creches" - a China está a ter "as infeções que teriam há dois ou três anos" se não fosse a pandemia, clarifica o especialista.
À partida, não. Jaime Nina clarifica que – apesar de haver uma grande capacidade de mutação – este vírus é “bastante estável” e, por isso, a probabilidade de evoluir para uma variante "mais agressiva e mais transmissível" é reduzida.
Em resposta à Renascença, a Direção Geral da Saúde fala numa "deteção pontual de uma amostra na rede de vigilância laboratorial dos vírus respiratórios” - um procedimento que, segundo Jaime Nina, é “habitual” entre os laboratórios que se dedicam à investigação deste tipo de doenças.
O infeciologista Jaime Nina aponta ainda que, caso houvesse uma testagem massiva, seria “provável” que fossem identificados muitos casos em hospitais, tal como também acontece com outros vírus respiratórios, como a gripe, o VSR ou a Covid-19.
Na maioria dos casos, os sintomas passam despercebidos. São muito semelhantes aos de uma constipação, como pingo no nariz ou, no caso das crianças, as tradicionais “birras”. Pode também haver caso para febre (normalmente baixa), tosse, dor de garganta ou falta de ar. Apenas numa minoria dos casos é que há relatos de doença grave e de pneumonias virais, tal como em todos os outros vírus respiratórios.
Ainda não foi desenvolvida nenhuma vacina, por isso só nos restam as habituais precauções, como utilizar máscara junto a pessoas infetadas e isolar quem tiver sido diagnosticado com o vírus, principalmente as crianças para evitar surtos em escolas.