25 nov, 2024 • Anabela Góis , Fábio Monteiro
A terapia fágica é a utilização médica de vírus que infetam exclusivamente bactérias. Estes bacteriófagos, também conhecidos como fagos, nunca infetam células humanas e por isso são seguros, por exemplo, para combaterem bactérias multirresistentes, que já não respondem aos antibióticos. Além disso, não são tóxicos pelo que são bem tolerados.
Os bacteriófagos são muito específicos e por isso só infetam e matam a bactéria hospedeira.
Nos casos em que a equipa clínica entenda que esta terapia pode ser benéfica para o doente.
Imagine-se um caso em que os antibióticos não conseguem combater a infeção. Os médicos podem avançar para esta solução, depois da aprovação da Comissão de Ética e da Comissão de Farmácia e Terapêutica do hospital, e, tendo em conta, também, o parecer do grupo coordenador do Programa para Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos da unidade hospitalar.
Esta terapêutica pode ser usada para substituir ou para complementar o uso dos antibióticos.
Sim.
Portugal é dos países europeus com uma das maiores taxas de prevalência de infeções multirresistentes. Até porque continuamos a consumir mais antibióticos do que devíamos e uma das consequências é o surgimento de bactérias cada vez mais resistentes.
A resistência aos antibióticos já é, de resto, um problema grave de saúde pública com custos elevados para o sistema de saúde nacional. E, já agora, vale a pena dizer que o tratamento por terapia fágica é mais barato do que o tratamento com um antibiótico de prescrição hospitalar
Sim. Existe uma coleção de bacteriofagos que são selecionados em laboratório, preparados e administrados aos doentes. Estes fagos são depois incorporados em cocktails terapêuticos.
Sim. Na Europa, um hospital belga (Queen Astrid Militar Hospital) foi pioneiro: implementa a terapia fágica desde 2018 e já tratou centenas de doentes, inclusivamente, portugueses, através de pedidos especiais.
Em Portugal chega agora, mas com uma importante particularidade: somos o terceiro país a regulamentar o uso destes vírus, depois da Bélgica e de França.
Ao abrigo da norma orientadora, agora aprovada pelo Infarmed, em Portugal vai haver um registo nacional dos doentes tratados com esta terapêutica.