19 nov, 2024 • Fátima Casanova
No Explicador Renascença desta terça-feira olhamos para números que dão que pensar: seis em cada 10 jovens de 18 anos, que consomem álcool, admitem que já se embebedaram e que, em média, passam mais de quatro horas por dia na Internet. São dados do estudo sobre Comportamentos Aditivos, baseado nas respostas de 92 mil jovens que participaram no Dia da Defesa Nacional.
Que estudo é este?
Este estudo é realizado anualmente pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências e é feito a partir das respostas ao inquérito aplicado a todos os jovens participantes no Dia da Defesa Nacional.
Este trabalho é realizado desde 2015 e permite verificar tendências entre os jovens de 18 anos, no que toca às substâncias psicoativas e à utilização da Internet.
Quais são as tendências relativamente às bebidas alcoólicas?
A moda do “binge” continua entre os jovens. Mais de metade dos jovens que responderam ao inquérito admitiram ter bebido álcool de forma rápida e excessiva, sendo que 62% desses jovens ficaram embriagados.
Ainda no que diz respeito a consumos de maior risco, 19% dos jovens associam mais do que uma substância psicoativa na mesma ocasião.
Os jovens têm noção que se estão a colocar em risco?
Sim. Cerca de 30% dos consumidores de álcool relataram situações de mal-estar emocional e, quando associado a substâncias ilícitas, mencionaram também relações sexuais de risco.
Os consumos, com diversas substâncias à mistura, entre elas ilegais, tendem a ser mais mencionados por rapazes do que por raparigas, mas elas declaram um maior consumo de substâncias legais, como tranquilizantes ou sedativos sem receita médica, e de bebidas alcoólicas.
Qual tem sido a tendência desde 2015?
Os dados revelam que, entre 2015 e 2023, aumentou o consumo de anfetaminas, cocaína, alucinogénios e sedativos sem receita médica.
Já em sentido contrário diminuiu o consumo de tabaco , canábis e novas substâncias psicoativas, assim como as prevalências de embriaguez ligeira.
Quanto à utilização de Internet, o que revela este estudo?
Que tem vindo a aumentar uma utilização mais intensiva: Seis em cada 10 jovens usa, em média, a internet durante quatro ou mais horas por dia e muito significativo é que quatro em cada 10 passam mais de cinco horas ligados à internet, ou seja, cerca de um terço do tempo em que estão acordados, e esta tendência tem vindo a acentuar-se.
O equipamento de eleição para aceder à internet é o smartphone para a esmagadora maioria dos jovens.
As plataformas em que passam mais tempo são as redes sociais, seguindo-se as pesquisas, os jogos e a visualização de filmes, vídeos e tutoriais.
Há diferenças entre rapazes e raparigas no uso que fazem da Internet?
As raparigas, em média, passam mais tempo na internet, essencialmente, nas redes sociais, a pesquisar e a ver filmes, ou tutoriais, enquanto os rapazes preferem os jogos.
Quase metade dos jovens inquiridos começaram a usar a internet antes dos 10 anos.