22 out, 2024 • Hugo Monteiro
Arranca esta terça-feira na Rússia a reunião dos BRICS.
Dezenas de líderes de países emergentes vão discutir a conjuntura internacional marcada por conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
O Explicador Renascença esclarece o que está em causa.
É a abreviatura para os países que criaram este grupo - Brasil, Rússia, Índia e China.
Reuniram-se pela primeira vez em 2009 e depois passaram a incluir a África do Sul.
Este ano, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos juntaram-se a este grupo que é, por assim dizer, um bloco alternativo ao Ocidente.
Sim, porque há conflitos em zonas chave para a estabilidade sobretudo europeia. Ucrânia e Médio Oriente trouxeram de volta as divisões entre o Ocidente e o Leste.
E, por isso, é de esperar Vladimir Putin aproveite este encontro e também o fator casa (porque esta reunião acontece na cidade russa de Kazan) para demonstrar o que diz ser o fracasso da política de isolamento do Ocidente, por causa das posições assumidas em relação à guerra da Ucrânia.
Putin também deverá aproveitar para fomentar alianças, nomeadamente com a China, a Índia ou o Irão. Ou mesmo com a Turquia que, apesar de pertencer à NATO, vai a esta reunião como país convidado.
É uma possibilidade. Se é verdade que, na origem, o BRICS é um bloco sobretudo económico, também é verdade que nesta reunião vão estar presentes países com os quais a Rússia já colabora no plano militar.
Ou seja, a economia pode ser a primeira porta que se abre nesta cooperação que, depois, pode estender-se a outros níveis.
E é nisso que Vladimir Putin vai seguramente apostar nesta reunião das economias emergentes.
Guterres vai reunir-se com Vladimir Putin na quinta-feira. Será a primeira vez que os dois se vão encontrar desde abril de 2022 - dois meses após o início da invasão da Ucrânia pelas tropas russas.
Por um lado, poderá ser uma reunião que o presidente russo poderá aproveitar para vincar as suas teses e aparecer com uma posição de força no plano internacional.
Há sempre essa esperança e esse tem sido o discurso de António Guterres, para o fim dos conflitos não apenas na Ucrânia, mas também no Médio Oriente.
Falta saber que sinais de apoio é que poderão surgir do lado dos países emergentes à estratégia de Putin na Ucrânia. Sinais que serão determinantes para o futuro do conflito.