07 out, 2024 • Anabela Góis
Um mês depois da fuga de cinco reclusos da cadeia de Vale dos Judeus, um dos evadidos foi localizado e detido. Fábio Loureiro estava condenado pelos crimes de rapto, tráfico de estupefacientes, associação criminosa, roubo à mão armada e evasão e foi encontrado este domingo em Tânger, em Marrocos.
Segundo a Polícia Judiciária, foi através de um trabalho ininterrupto de investigação e recolha de informação sobre todos os fugitivos, em colaboração com polícias de outros países que se chegou à indicação de que Fábio Loureiro, conhecido como Fábio “Cigano” estaria em Marrocos.
Em menos de 24 horas foi desencadeada uma operação policial internacional, conduzida pelas autoridades marroquinas, em colaboração com a polícia espanhola, em estreita articulação com a Polícia Judiciária, que culminou com a detenção, ontem pelas 22 horas, de Fábio Loureiro, em Tânger.
Fontes policiais, citadas pela imprensa, indicam que fugiu primeiro para Espanha e depois terá entrado em Marrocos com um passaporte falso.
Fábio Loureiro esteve sempre acompanhado por um alegado cúmplice, um português que reside há vários anos em Marrocos e que, aliás, foi detido com ele.
Uma fonte citada pelo Jornal de Notícias conclui que Fábio foi traído pelo amor, porque foram as mensagens que trocou com a namorada - que estava sob vigilância desde a fuga - que permitiram localizá-lo.
Não tinha disfarce, mas fontes policiais dizem que o detido estava irreconhecível, tendo emagrecido e sido encontrado sem barba. A mesma fonte diz que os dois homens - Fábio Loureiro e o cúmplice - não ofereceram resistência e foram detidos em plena rua, perto de Tânger, num local onde aportam os barcos que vão de Algeciras, em Espanha.
A avaliar pelos crimes pelos quais foi condenado, sim. Fábio Loureiro estava cumprir pena máxima, de 25 anos de cadeia, por uma longa lista de crimes que incluem rapto, tráfico de droga, associação criminosa e roubo à mão armada.
Durante anos foi tido como um dos principais traficantes de drogas e armas no Algarve, acabando por ser detido aos 24 anos.
Fábio Loureiro começou por cumprir pena no estabelecimento prisional Pinheiro da Cruz, mas foi transferido para Alcoentre no final do ano passado, de onde escapou ao fim de 10 anos.
Para já, vai ser presente às autoridades judiciárias de Marrocos - o que deve acontecer amanhã -, tendo em vista a extradição para Portugal para cumprir o resto da pena.
O penalista Paulo Sá e Cunha afirma à Renascença que o processo deve ser rápido até porque Marrocos mantém um tratado de extradição com Portugal e, para além disso, existiam mandados internacionais de captura em nome de Fábio Loureiro.
Este advogado diz, ainda, que estando em causa um recluso português que se evadiu durante o cumprimento da pena, não haverá nada que impeça o Reino de Marrocos de o extraditar, será apenas um procedimento burocrático.
Ainda não foi anunciado oficialmente, mas vários especialistas ouvidos ao longo do dia têm defendido que quando regressar a Portugal, deverá ir para uma cadeia de mais alta segurança, como é o caso da cadeia de Monsanto.
Sim, os restantes quatro reclusos continuam em parte incerta, um mês depois da fuga da cadeia de Vale de Judeus.
São eles o argentino Rudolfo “el Ruso” Lorman, o georgiano Shergili Farjiani, o britânico Mark Cameron Roscaleer e, ainda o português Fernando Ribeiro Ferreira, bastante mais fácil de dizer, veremos se também mais fácil de recapturar.