27 set, 2024 • Anabela Góis
Amadeu Guerra, foi nomeado para Procurador-Geral da República. A nomeação foi anunciada duas semanas antes do fim do mandato de Lucília Gago, a quem vai suceder.
Até agora não foram ouvidas opiniões negativas sobre este magistrado que vai ocupar o cargo mais alto do Ministério Público.
O Explicador Renascença esclarece o que já sabemos sobre o novo Procurador-Geral da República.
Apesar de discreto, e de preferir o anonimato, o seu nome acabou por tornar-se conhecido dos portugueses.
Amadeu Guerra foi muito falado, sobretudo, quando foi diretor do departamento do Ministério Público (DCIAP) que investiga a criminalidade altamente organizada.
Pelas suas mãos - entre 2013 e 2019 - passaram processos mediáticos como a Operação Marquês, que envolve o antigo primeiro ministro José Sócrates; o roubo das armas de Tancos; o caso BES; o processo Aquiles no âmbito do qual foi condenado o ex-coordenador de investigação criminal da Polícia Judiciária, Carlos Dias Santos, por auxílio a organização criminosa.
Entre muitos outros com destaque, por exemplo, para a operação Fizz - que envolveu altas figuras de angola - e acabou por ficar conhecido como processo muito “irritante” que levou ao esfriamento das relações entre Portugal e Angola.
Amadeu Guerra tem uma carreira de 40 anos ao longo da qual desempenhou diversas funções como magistrado do Ministério Público, designadamente no Tribunal de Trabalho de Lisboa e Tribunal Criminal da Boa Hora. Foi vogal da Comissão Nacional de Proteção de Dados. Foi procurador-geral adjunto e coordenador do Tribunal Central Administrativo do Sul.
Exerceu vários cargos ao nível da União Europeia em organismos como o Grupo de Trabalho de Polícias, e a Instância Comum de Controlo da Europol.
Dirigiu o DCIAP, e já no mandato da atual Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, foi Procurador Regional de Lisboa mas não ficou muito tempo no cargo devido a problemas de saúde. Acabou por terminar a carreira no Ministério Público em 2020, quando se jubilou.
Quase a completar 70 anos, será o Procurador-Geral da República mais velho de sempre. É Beirão, natural de Tábua, no distrito de Coimbra, benfiquista, e tem pela frente um mandato de 6 anos num cargo que implica uma grande exposição.
Amadeu Guerra é um nome consensual, muito respeitado entre os magistrados graças a um perfil de independência que conseguiu ao longo da carreira no Ministério Público, que lhe permitiu conhecer bem o sistema de justiça. É visto como uma pessoa leal, competente e com uma grande capacidade de trabalho.
Da parte dos partidos políticos também não houve nenhuma crítica.
É o órgão superior do Ministério Público com estatuto próprio e autonomia. Compete-lhe "representar o Estado e defender os interesses que a lei determinar", bem como, "participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania, exercer a ação penal orientada pelo princípio da legalidade e defender a legalidade democrática".
O Procurador-Geral da República é o responsável pela direção global do Ministério Público.