26 set, 2024 • Fátima Casanova
Estamos a falar de Paula Pinto Pereira, já devem ter ouvido falar dela nas noticias. Deu, de facto, aulas de matemática durante mais de 3 décadas, sem ninguém suspeitar que não tinha a formação exigida para ser professora.
Recorreu a certificados de habilitação falsos de bacharelato, licenciatura e mestrado, segundo ficou provado pela Inspeção-Geral da Educação
Três denúncias anónimas feitas junto da Direção-Geral da Educação, em 2021, que deram origem a um processo de inquérito a que se seguiu um processo disciplinar, que culminou na demissão da professora em 2023.
O que concluíram os inspetores é que esta mulher quando deu aulas pela primeira vez, ainda frequentava o curso de Ensino de Matemática, na faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Nos 8 anos que por ali andou, vinda da Universidade de Coimbra, apenas conseguiu fazer 3 cadeiras de bacharelato e 6 de licenciatura, para terem uma ideia. Só para obter o bacharelato precisava de ter feito 23 disciplinas.
Apresentou um primeiro certificado falso, em 1988, na escola Secundária do Barreiro.
No ano seguinte muda-se para a Secundária Daniel Sampaio, na Sobreda, concelho de Almada…..onde se manteve até ser demitida…..e é nesta escola , que foi apresentando os outros certificados falsos: o da conclusão do bacharelato, mais tarde apresentou o da licenciatura, com média final de 15 valores. Tudo com selo branco como manda a lei.
Sim… Esta falsa professora para progredir na carreira, em 2002, apresentou uma certidão da Universidade da Madeira, atestando a conclusão de um mestrado com nota de 18 valores…cuja tese garante ter defendido na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O certo é que com estas qualificações saltou para o último escalão da carreia, recebendo mais de 2.000 euros líquidos por mês….
Ela foi chamada a explicar-se, no âmbito do processo disciplinar e manteve que é licenciada e que fez o mestrado na Madeira.
Mas para além de ter sido demitida, o ministério da educação exigiu que devolvesse quase 350 mil euros por salários indevidos….só que neste ponto, a Justiça tem dado razão à falsa professora.
Tanto o tribunal de 1ª instância, como o tribunal Central Administrativo do Sul entendem que Paula Pinto Pereira nada tem a devolver ao Estado. Embora decorra ainda um processo-crime por burla qualificada.
Entretanto…um outro dado que vem apimentar tudo isto, é que esta falsa professora é co-autora de manuais de matemática, livros que ainda são usados em diversas escolas, pelos alunos dos 11º ano e 12º anos.