16 set, 2024 • Hugo Monteiro , José Pedro Frazão
Futebol e política estão mais expostos à corrupção do que outras áreas.
É o que indica um estudo que avalia a perceção dos portugueses sobre a corrupção.
O Explicador Renascença expõe os dados principais,
É importante reforçar que este estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos analisa a perceção dos inquiridos.
E, de facto, a maioria diz que a política só atrai pessoas que querem benefícios e que até mesmo pessoas honestas se deixam corromper quando ocupam lugares de poder. Uma situação que é indiferente quer se trate de uma democracia ou de uma ditadura.
No que se refere ao futebol, os portugueses acreditam que os clubes são permeáveis a este fenómeno, porque acreditam que muitos resultados desportivos são trabalhados nos bastidores.
Os inquiridos dizem que é na política que há maior incidência da corrupção.
Os portugueses acreditam que dois em cada três políticos são corruptos. Mais do que nas empresas.
Os inquiridos sentem, ainda, que a corrupção terá menor incidência nas forças de segurança e no setor social: como nas ONG, nas Misericórdias ou nas instituições de solidariedade.
Não muito. Na verdade, no momento de decidir o voto, um quarto dos inquiridos diz que o mais importante é a orientação ideológica dos candidatos. Só depois aparece a integridade.
Segue-se a capacidade de compromisso, a experiência, a empatia e a capacidade de resolução de problemas.
Para 9% dos inquiridos, o fator mais importante é se o líder do partido é um homem ou uma mulher.
Nove em cada dez pessoas consideram a corrupção um problema grave em Portugal.
Metade dos inquiridos sente que a corrupção afeta a sua vida diariamente.
Mas aqui com um dado curioso: há maior tolerância dos portugueses para casos de corrupção que acabem por beneficiar a comunidade.
É a chamada "cunha". Cerca de metade dos portugueses não considera o uso de relações pessoais ou profissionais para obter vantagens ou benefícios como sendo verdadeiros casos de corrupção.
Curioso é o facto de os inquiridos também serem algo toleráveis ao fenómeno das chamadas "portas giratórias" - isto é, a passagem de políticos para as empresas e vice-versa.
Metade dos inquiridos neste estudo diz sentir que o combate à corrupção em Portugal é “nada eficaz”. Só 13% considera que esse combate é “totalmente eficaz”.
Ora, uma em cada quatro pessoas diz que o combate à corrupção não tem resultados por culpa do Governo.
Para as potenciais razões para a demora no combate ao fenómeno, metade dos portugueses culpa a complexidade dos megaprocessos.