09 set, 2024
Continua a dar que falar a fuga dos cinco reclusos da cadeia de Vale de Judeus no passado sábado. No Explicador Renascença desta segunda-feira falamos do que se passou, das explicações que estão por dar e das perguntas que continuam sem resposta.
A fuga foi no sábado, 7 de setembro. Até agora, não há sinal dos cinco homens?
Não há. Mas as autoridades avisaram que a operação seria demorada.
A caça ao homem começou logo no sábado, com um dispositivo que envolve, entre outros, elementos da GNR e PSP no terreno para tentarem localizar os cinco fugitivos.
Há controlos nas estradas e contactos com as polícias de outros países, em particular com Espanha. De acordo com a imprensa do país vizinho, a Guardia Civil das províncias de Pontevedra e Ourense Elvas, Fuentes de Oñoro, Ayamonte e Alcañices foi notificada para a possibilidade de os homens optarem por estas províncias para fugirem.
Numa operação deste género, a ajuda dos cidadãos pode ser essencial para localizar os fugitivos. A polícia deu conselhos?
O conselho é para que a população se abstenha de entrar em contacto com estes homens, exatamente porque são considerados perigosos. Se alguém os identificar na rua, deve alertar as autoridades pelo 112 ou através de qualquer órgão de polícia.
Os fugitivos são dois portugueses, um cidadão da Geórgia, um argentino e um britânico, com idades entre os 33 e os 61 anos.
Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.
Como foi possível esta fuga de uma cadeia de alta segurança?
Essa é a grande questão. De acordo com o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, está em curso uma investigação, para saber o que terá falhado.
Mas depois de ouvirmos as forças de segurança, o responsável pelos serviços prisionais, os guardas da cadeia e os sindicatos que os representam não há dúvida que há um conjunto de falhas a apontar: a prisão de Vale de Judeus não tem diretor há três meses, o corpo da guarda é inferior ao necessário, o chefe está de baixa há um ano, as torres de vigia foram desativadas e as imagens das câmaras de videovigilância nem sempre eram visionadas.
Um conjunto de situações difíceis de compreender, ainda mais se pensarmos que os guardas só deram pela falta dos reclusos cerca de 40 minutos depois da fuga e só alertaram as forças policiais duas horas depois.
Terão sido todas essas falhas que permitiram esta fuga?
A evasão foi bastante simples. Pelo que se viu nas imagens de videovigilância, os reclusos tiveram ajuda de alguém do exterior que lhes lançou uma escada por onde escalaram o muro e depois puseram-se em fuga em dois carros que os aguardavam.
E o Governo o que é que diz?
Até agora, só falou o ministro da Presidência, Leitão Amaro, para dizer que o caso é preocupante e apontar o desinvestimento no sistema prisional ao longo dos últimos anos e a falta de recursos humanos.
No entanto, remeteu outras declarações para a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice que entretanto convocou uma conferência de imprensa sobre este assunto para terça-feira, às 17h00, ou seja, mais de 72 horas depois da evasão.