17 out, 2023 • André Rodrigues
Atenção à "bomba meteorológica". Cuidado com o rio atmosférico. O país deverá assistir nas próximas horas a um rápido agravamento do tempo.
É um evento meteorológico extremo que resulta de uma soma de fatores que provocam uma queda repentina da pressão atmosférica, o que acaba por gerar uma rápida deslocação de massas de ar em poucos minutos.
Vem, precisamente, dessa caraterística repentina, fruto dessa rápida queda de pressão, que vai determinar a potência da tempestade, com chuva muito intensa e fortes rajadas de vento.
Ou rio voador. E porquê a imagem do rio? Primeiro, porque estamos a falar de um fluxo muito concentrado de vapor de água a circular na atmosfera. Vapor de água esse que, quando se precipita - ou seja, quando chove - acaba por cair com muita intensidade. E nos casos em que ocorre uma depressão forte, essa chuva intensa vem acompanhada de vento muito forte.
Não se consegue ver, ao contrário dos rios terrestres. Estamos a falar de um corredor invisível, sem margens claramente definidas. Mas é a expressão que melhor ilustra estas grandes concentrações de água, longas em comprimento, mas estreitas em largura que percorrem zonas de baixa pressão e que podem provocar chuva muito forte e persistente.
O principal risco é o facto deste rio atmosférico poder provocar horas ou, mesmo, dias de chuva quase contínua, o que pode resultar em valores extremos de precipitação acumulada. É o que acontece quando ouvimos dizer que chove, num ou dois dias, o equivalente a um mês inteiro.
E os rios atmosféricos acabam por ser a principal causa deste problema.
Depois, há outros riscos que têm a ver com a orografia dos terrenos, sobretudo nas regiões montanhosas: os solos estão muito secos, por causa do verão quente que se prolongou até muito tarde. O que significa que esses solos não têm capacidade para absorver muita água em tão pouco tempo.
Deslizamentos de terras é outro dos riscos associados a estes fenómenos extremos.
Sim, já aconteceu. Em fevereiro de 1941, o país foi varrido por uma forte tempestade de inverno, que ficou conhecida como o Ciclone de 1941, que teve origem numa descida rápida e muito acentuada da pressão atmosférica.
Lisboa, Alhandra e Sesimbra foram as zonas mais afetadas. Na altura, registou-se um elevado número de vítimas - mais de uma centena - em muitos casos, vítimas de afogamento nas zonas ribeirinhas que inundaram muito rapidamente e apanharam as populações de surpresa.
A previsão do Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA) aponta para sexta-feira. A partir daí, a chuva deverá dar tréguas.