27 set, 2023 • Miguel Coelho
O líder conservador espanhol, Alberto Nuñez Feijóo terá de obter mais votos a favor do que contra, na sexta-feira, para poder tomar posse como chefe de Governo, o que se afigura totalmente improvável, tendo em conta o resultado da votação desta quarta-feira.
O presidente do PP teve 172 votos a favor e 178 contra. E tudo indica que este resultado irá repetir-se depois de amanhã.
Ou seja, a investidura de Feijóo como primeiro-ministro será de novo rejeitada, com os votos dos socialistas espanhóis, do resto da esquerda e dos partidos separatistas.
Sim, apesar de ter vencido as eleições há dois meses, não conseguiu maioria, um pouco à semelhança do que aconteceu em Portugal com Passos Coelho em 2015.
E, portanto, irá depois ser o líder do segundo partido maior votado - o atual primeiro-ministro Pedro Sanchez, do PSOE - a ser convidado pelo rei para tentar manter-se no Poder.
Terá, se aceitar as exigências dos separatistas catalães, incluindo o partido Juntos pela Catalunha.
Para votar a favor de Sanchez, eles exigem uma amnistia e o fim de todos os processos contra os envolvidos na tentativa de independência de 2017, incluindo o então presidente do Governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont.
E mais ainda: exigem um referendo sobre a independência da região.
Se vier a aceitar estas condições, Pedro Sanchez corre o risco de ficar na História como o primeiro-ministro que abriu a porta à desagrageção da Espanha, o que está a gerar um debate muito intenso não só no plano político, mas na própria sociedade espanhola.
Na prática não pode, primeiro porque do ponto de vista político o rei de Espanha é pouco mais do que uma figura decorativa. Tem de cumprir a Constituição.
Além de que as eventuais cedências que Sanchez possa fazer aos separatistas catalães serão posteriores ao convite do rei para tentar a investidura, pelo que mesmo que quisesse, Filipe VI não teria forma de não indicar Sanchez.
Sim, se não aceitar as condições dos separatistas não terá apoio suficiente. E aí os espanhóis serão chamados a novas eleições.
A partir de agora, haverá dois meses para que um dos candidatos consiga a investidura como primeiro-ministro.
Se isso não acontecer, é convocada nova ida às urnas, que poderá ter lugar em Janeiro, uma sucessão de eleições que já não seria inédita, entre 2015 e 2019, houve quatro eleições gerais em Espanha.