15 jun, 2023 • Miguel Coelho
A data foi celebrada com a presença do Presidente da República numa cerimónia evocativa, juntamente com o rei Carlos III, no Palácio de Buckingham. Começaram por passar em revista uma Guarda de Honra militar, composta por um pelotão português e outro britânico. Depois, ouviram-se os hinos dos dois países, executados pela Banda Militar dos Guardas Galeses.
Seguiram para um serviço religioso de Ação de Graças, com convidados oficiais dos dois países e que decorreu na Capela da Rainha, no Palácio de St. James, uma capela que, há perto de quatro séculos, era frequentada pela rainha Catarina de Bragança que foi casada com o rei inglês Carlos II, que ali assistia a celebrações católicas quando Inglaterra já era protestante.
Portanto, muito simbolismo nesta cerimónia em Londres, comemorativa do Tratado Anglo-Português.
Vai ser comemorada no próximo domingo. O rei Carlos III não vem, mas vai haver em Lisboa um espetáculo aéreo conjunto. Uma esquadrilha acrobática britânica, os Red Arrows, e caças F16 portugueses vão atravessar em formação o rio Tejo, a Avenida da Liberdade e o Parque Eduardo VII, para celebrar os 650 anos desta histórica relação entre Portugal e Reino Unido.
No que toca ao tratado, sim. Mas a relação com Inglaterra é ainda mais antiga, é anterior à formação de Portugal, na verdade. Basta lembrar que foram cavaleiros britânicos, envolvidos na Segunda Cruzada, que ajudaram D. Afonso Henriques a conquistar Lisboa aos Mouros.
E, ainda, no século XIII foi assinado o primeiro tratado luso-britânico, em 1294, por D. Dinis e Eduardo I, para proteger o comércio entre os dois reinos.
Mais tarde, já no tempo de D. Fernando I, foi estabelecido um pacto militar, contra Castela, que daria depois origem ao Tratado de Londres, assinado em 16 de Junho de 1373 - e é o que agora se comemora.
O Tratado prometia "amizade mútua e perpétua" entre as partes e que se algum dos países fosse invadido por inimigos, o outro iria ajudá-lo. E foi, de resto, com ajuda inglesa que Portugal derrotou as tropas castelhanas em Aljubarrota.
É um tratado que, para todos os efeitos, está ainda hoje em vigor e que foi reafirmado ao longo dos tempos por outros acordos. Embora tenha havido momentos na História em que os ingleses não estiveram propriamente do nosso lado, como foi, talvez, o caso mais célebre de todos, que foi o do Ultimato, no final do século XIX, com a ameaça a Portugal de uma intervenção armada devido ao conflito sobre as colónias em África.
É uma aliança que, na maior parte dos casos, funcionou ao longo dos séculos.
Sim, e graças a figuras com o Duque de Wellington, que comandou as forças anglo-portuguesas. Sabes que o descendente atual do Duque de Wellington também participou nestas cerimónias em Londres. Aliás, ofereceu uma receção em honra de Marcelo Rebelo de Sousa na Apsley House, que é a antiga residência do duque de Wellington e que é conhecida como "Londres, Numero 1".
Mas. já agora que falámos das vezes em que Inglaterra ajudou Portugal, convém lembrar que a Aliança já levou também Portugal a auxiliar os britânicos. Não podemos esquecer que foi um dos motivos que levaram Portugal a intervir na Primeira Guerra Mundial. Não se esqueçam, domingo ao meio-dia, de assistir ao espetaculo aereo em Lisboa.