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Eurodeputados defendem sanções mais severas da UE à Rússia

01 mar, 2022 • Vasco Gandra, correspondente em Bruxelas


​Parlamento Europeu (PE) defende concessão à Ucrânia de estatuto de candidato à União Europeia. Presidente Zelensky recebe apoio das principais instituições comunitárias durante uma sessão do PE, em que participou por vídeoconferência, marcada pela emoção mas também pela determinação do líder ucraniano em defender o seu povo.

O Parlamento Europeu aprovou esta terça-feira uma resolução, por uma esmagadora maioria de 637 votos a favor, 13 contra e 26 abstenções, que condena com "a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Federação da Rússia contra a Ucrânia, bem como o envolvimento da Bielorrússia nesta agressão".

Os eurodeputados pedem igualmente à União para desenvolver os esforços necessários "no sentido de conceder à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão à UE".

Os deputados querem ir mais longe nas medidas restritivas que visem enfraquecer estrategicamente a economia e a base industrial russas. Consideram, por exemplo, que a União Europeia deve restringir as importações dos bens mais importantes exportados pela Rússia, como o petróleo e o gás ou proibir novos investimentos europeus na Rússia. Defendem que é necessário bloquear o acesso de todos os bancos russos ao sistema financeiro europeu, excluir a Rússia do sistema SWIFT e o fim dos “vistos dourados” para oligarcas russos.

Na resolução, o PE apela ainda aos Estados-membros para que acelerem o fornecimento de armas defensivas à Ucrânia, em conformidade com o artigo 51.º da Carta das Nações Unidas, que autoriza a legítima defesa, individual e coletiva.

Zelensky assina pedido de adesão da Ucrânia à UE. UE diz que o tema não está na agenda
Zelensky assina pedido de adesão da Ucrânia à UE. UE diz que o tema não está na agenda

"Provem que estão connosco"

O resultado da votação da resolução foi conhecido horas depois de o Presidente ucraniano ter discursado esta terça feira perante os eurodeputados, por vídeoconferência. Num discurso emotivo mas motivado, Volodymyr Zelensky lembrou as vítimas da guerra desencadeada pela Rússia e enalteceu a resistência dos que lutam pelo seu país. “Ninguém nos vai quebrar. Somos fortes. Somos ucranianos”, sublinhou.

Zelensky pediu à União Europeia para "não abandonar" a Ucrânia. "A União Europeia vai ser muito mais forte connosco, sem dúvida alguma. E, sem vocês, a Ucrânia estará só, isolada. Nós já mostrámos a nossa força. Já mostrámos que estamos ao mesmo nível. Por isso, por favor, provem que estão connosco e que não nos vão abandonar. Mostrem que são verdadeiramente europeus. E que assim a vida poderá prevalecer sobre a morte e sobre as trevas", afirmou.

O Presidente ucraniano recebeu uma longa ovação dos eurodeputados. Muitos parlamentares vestiam camisolas com palavras de apoio à Ucrânia ou com as cores da bandeira ucraniana. Vários tinham bandeiras ucranianas ou mostravam cartazes solidários.

O líder ucraniano ouviu, igualmente, palavras de apoio dos presidentes das principais instituições comunitárias. "Cada vez mais países estão nesta coligação anti-guerra juntos com pessoas de todo o mundo", afirmou por seu turno o presidente do Conselho Europeu. Charles Michel exortou a Rússia a "parar a guerra, voltar para casa e dialogar" pela paz.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que "hoje, a UE e a Ucrânia já estão mais próximas do que nunca. Ainda há um longo caminho pela frente. Temos que acabar com esta guerra. E devemos falar sobre os próximos passos", disse em alusão à intenção da Ucrânia aderir ao bloco comunitário.

Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, agradeceu a Zelensky o exemplo do seu país face à agressão russa e "os atos de heroísmo dos ucranianos". "Reconhecemos a perspetiva europeia da Ucrânia e, como a nossa resolução afirma claramente, congratulamo-nos, com a candidatura da Ucrânia ao estatuto de candidato. Vamos trabalhar para esse objetivo".

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