25 out, 2024 • Sandra Afonso , Arsénio Reis
Rui Rio considera que a onda de violência e desacatos na Grande Lisboa, nos últimos dias, devido à morte de Odair Moniz pela PSP, está ligada à falta de reabilitação nos bairros sociais e ao enfraquecimento da imagem das forças policiais.
Em entrevista ao programa Dúvidas Públicas da Renascença, que irá para o ar no sábado, o antigo líder do PSD recorda os anos que esteve ao comando da autarquia do Porto. Então, diz, uma das suas prioridades foi reabilitar os bairros sociais, justamente para evitar episódios como os que estão a ocorrer na capital.
“A reabilitação de todos os bairros e a destruição daqueles mais problemáticos, designadamente o São João de Deus e o Bairro do Aleixo, permitiram durante muitos anos garantir a segurança urbana. Se aquilo não tem sido feito, a Área Metropolitana do Porto, e particularmente o Grande Porto, teria sido um foco brutal de insegurança”, diz.
Rui Rio nota que não sabe o estado real dos bairros sociais de Lisboa neste momento, mas admite que, “seguramente, haverá possibilidade e necessidade de intervenção municipal”.
"Reabilitação de todos os bairros permitiu durante muitos anos garantir a segurança urbana"
Ao mesmo tempo, diagnostica um “enfraquecimento da autoridade”. “Não estou a dizer com isto que a autoridade tem de ser com o cassetete na mão, à pancada. Não. Digamos, o respeito que o cidadão antigamente tinha pela autoridade é hoje muito menor.”
Na mesma entrevista, Rui Rio comenta ainda o primeiro Orçamento do Estado apresentado pelo Governo da AD. Um documento “despesista”, em que o executivo de Luís Montenegro “vai dando para lá das possibilidades” e não incentiva a poupança, acusa.
“Nunca houve nos Orçamentos do PS, e aqui também não há, um forte incentivo à poupança. À poupança das famílias, das empresas e do Estado.”
O antigo líder social-democrata dá como exemplo os certificados de aforro, onde o executivo de Luís Montenegro já podia ter corrigido o que fez o Governo de António Costa, com um aumento dos juros pagos.
"Governo vai dando para lá das possibilidades"
“As alterações que este Governo agora aprovou não têm a ver com a rendibilidade do próprio certificado de aforro, não mexeu na taxa de juro. Podia e devia, sinceramente, é a minha opinião. Não percebi bem quando o Governo anterior e o dr. Fernando Medina reduziram daquela forma a remuneração dos certificados de aforro. Pensei, aliás, que este Governo ia dar um ajustamento para si e dava aí um empurrão aos certificados, que é um produto que as pessoas, que não estão bem dentro do campo do investimento, recorrem com facilidade. Essa é uma das medidas que podia ser tomada para o reforço da poupança”, diz.
Outro incentivo à poupança que Rui Rio sugere é o alívio da taxa liberatória de 28%, o IRC pago por aplicações financeiras.
Estes são excertos da entrevista de Rui Rio ao programa da Dúvidas Públicas, onde fala ainda das negociações para a viabilização do Orçamento do Estado, das metas económicas, da habitação, da TAP, de presidenciais e até das autárquicas.
Pode ouvir em antena este sábado, a partir do meio-dia, mas também em podcast ou em www.rr.pt.