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Paula Margarido
Opinião de Paula Margarido
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Que passemos da resignação à ação...

22 out, 2024 • Paula Margarido • Opinião de Paula Margarido


Pela primeira vez em sete anos verifica-se uma subida da taxa de risco de pobreza. Tudo isto vai sendo conhecido, mas pouco se tem feito nos últimos tempos, não obstante a aprovação da “Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2030”.

No pretérito dia 17 de outubro assinalou-se o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza. E a verdade é que em Portugal os pobres estão cada vez mais pobres.

Pela primeira vez em sete anos verifica-se uma subida da taxa de risco de pobreza (que passou de 16,4% em 2021 para 17% em 2022) que está associada a uma maior intensidade da pobreza que em 2021 era de 21,7% e em 2022 passou para 25,6%.

Vejamos que em Portugal, onde existem cerca de 2,1 milhões de pobres, é no grupo das crianças e dos jovens que a dita taxa do risco de pobreza mais se agravou. E este indicador obriga-nos a refletir, bem como nos desafia a concretizar medidas que permitam às nossas crianças e aos nossos jovens crescer no seio de uma sociedade que as acolhe e que lhes entrega ferramentas para que possam desenvolver as suas capacidades de modo saudável e harmonioso.

Acresce que 1 em cada 10 trabalhadores é pobre e nos desempregados a taxa de pobreza, que havia diminuído entre 2020 e 2021, voltou a subir em 2022 constituindo, assim, uma das subidas mais elevadas da última década com exceção do ano da pandemia.

Tudo isto vai sendo conhecido, mas pouco se tem feito nos últimos tempos, não obstante a aprovação da “Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2030”.

Efetivamente, deparamo-nos com a criação de mais uma “Estratégia Nacional”, repleta de boas intenções, que na prática não tem conhecido grandes concretizações em face dos resultados acima mencionados e que nos devem interpelar e tudo fazer para colocar “Portugal no Bom Caminho”, naquele Caminho que permitirá criar riqueza para combater a pobreza, naquele Caminho que tudo fará para transformar o nosso país numa sociedade mais social, mais inclusiva, mais próxima de todos aqueles que apresentam as mais variadas fragilidades e para os quais serão dadas as adequadas respostas.

Quantas vezes os “pobres se tornam imagens que até podem comover, por alguns momentos. Mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, então, sobrevém o incómodo e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro.”

Nunca nos esqueçamos que todo o pobre tem um rosto, tem uma história que merece o nosso respeito, o nosso compromisso e que “a qualidade de uma sociedade democrática se mede pela forma como os mais frágeis são tratados”.

Que não caiamos na tentação de apenas dar, de prolixamente legislar ou de nos apresentarmos de um modo palavroso. Urge envolver quem vive numa condição de pobreza em ações de mudança, de responsabilização e atribuir-lhe um valor que lhe permita viver com dignidade.

Que cada um de nós se sinta chamado a passar da resignação e da indiferença à ação em prol, sempre, do bem comum.


Paula Margarido, Advogada e Deputada da XVI Legislatura

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