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Cuidados a ter no processo de escuta e avaliação

09 out, 2024 • Rute Agulhas • Opinião de Rute Agulhas


Quando uma entrevista é conduzida de uma forma sensível e tendo em conta todas estas variáveis, a probabilidade de a vítima se sentir verdadeiramente escutada e acolhida é muito maior.

O processo de escuta e avaliação de uma pessoa, criança ou adulto, que tenha sido vítima de uma situação de violência – sexual ou outra – envolve necessariamente estar com essa pessoa, presencialmente, e com tempo. Tempo para estabelecer uma relação de confiança e escutar sem pressa e sem tempo contado. Ao mesmo tempo, para possibilitar a recolha de alguma informação que permita compreender o que se passou, quando, onde, como e com quem.

Existe por vezes a ideia de que este tipo de processo de escuta e avaliação será necessariamente gerador de novos traumas, o que não é verdade, na medida em que tal depende de diversos fatores - do ambiente ou setting onde se entrevista, de quem entrevista e também da forma como se entrevista.

Começando pelas variáveis ambientais, é fundamental que seja um local privado e acolhedor, onde a pessoa que é escutada se sinta confortável e à vontade. Caso se trate de uma criança mais nova, o espaço deve ter alguns materiais lúdicos adequados à idade, que ajudem a relaxar e, ao mesmo tempo, possam ser facilitadores da comunicação.

Os fatores relacionados com o entrevistador relacionam-se, sobretudo, com a experiência e treino em situação de entrevista, bem como com a capacidade em ser empático. Diversos estudos salientam mesmo que estas poderão ser as variáveis mais determinantes em termos do impacto que a entrevista poderá ter na vítima que é avaliada.

Por fim, a forma como se entrevista. E por isso existem diversos protocolos de entrevista validados empiricamente e adaptados às diversas situações traumáticas, que permitem conduzir a entrevista de uma forma semi-estruturada, mas coerente, privilegiando-se as questões abertas e não sugestivas. As orientações que existem a respeito de como entrevistar vítimas de violência sistematizam ainda os cuidados a ter e o que deve e não deve ser feito ou perguntado.

Quando uma entrevista é conduzida de uma forma sensível e tendo em conta todas estas variáveis, a probabilidade de a vítima se sentir verdadeiramente escutada e acolhida é muito maior.

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