27 ago, 2024 • Paula Margarido
A comunicação faz parte da condição humana e cada um de nós é aquilo que comunica em palavras, gestos, comportamentos e atitudes. Nada somos e fazemos sozinhos, e tanto mais somos quanto mais nos damos ao próximo, pois a nossa natureza humana tem na reciprocidade uma das suas pedras basilares. A verdade é que, para que tal possa acontecer, necessário se torna “um diálogo, um face a face, uma disponibilidade, uma abertura para o outro e uma tremenda aceitação para a diferença”.
Não descuramos que as redes sociais são uma importante ferramenta de comunicação. Contudo, quantas e quantas vezes as ditas redes sociais se tornam motivo de discórdia, de aparência de uma realidade que não existe, em que uma mentira se torna verdade e uma verdade passa a ser mentira? Naquelas tudo se lê num instante e as fotografias carregam ora uma beleza extraordinária, ora uma tremenda fealdade.
Efetivamente, parece que o importante não é comunicar, parece que o importante é “aparecer”, de preferência com as fotografias artisticamente elaboradas, para que possa atrair o maior número de “likes”, de “corações”, de seguidores, ainda que o que por ali foi colocado possa não ter qualquer semelhança com a realidade. E tudo isto para que se alcance a aprovação e valorização por parte de todos. Mas esta busca pela aceitação não nos torna livres, mas antes escravos da dita aprovação.
Voltamos a frisar que as redes sociais são, de facto, um extraordinário meio de comunicação. Contudo, cada vez mais se exige verdade nos conteúdos, verdade nas atitudes e nos comportamentos, aquela verdade que não gera ódios, nem tricas, mas que até pode suscitar uma sã e adequada discussão entre os mais variados quadrantes, sem ofensas e ataques pífios. E constituirão, sempre, uma oportunidade de encontro e solidariedade, se fôr respeitada a dignidade de todos os seus intervenientes.
Urge uma comunicação genuína, que inunde os nossos corações nas mais variadas áreas, designadamente, da política, à ciência, à educação, e em que consigamos alcançar que ali não existe ilusão, não existe aparência. Para que tal possa acontecer saibamos, então, estar nas redes sociais com firmeza, mas sem agressão e difamação, e em que predomine a coragem que vem da humildade, que não coloca o “eu” no centro, mas o bem comum.
Na verdade, cada um de nós é “amigo de pessoas que não pensam como nós. E se há verdadeira amizade, então a discordância não a abala, pois existe um terreno firme que resiste às zangas e transforma as opiniões contrárias em pontos de vista” que nos ajudam a desconstruir e a crescer em graça e sabedoria!
Paula Margarido, Advogada e Deputada da XVI Legislatura