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Os efeitos secundários do BCE

CONVERSAS CRUZADAS

Os efeitos secundários do BCE

05 fev, 2023 • José Bastos


Francisco Jaime Quesado, Manuel Carvalho da Silva e Nuno Botelho na análise dos efeitos da subida do preço do dinheiro na zona euro e do plano Biden para reindustrialização dos Estados Unidos.

Tendo como pano de fundo uma iminente guerra comercial entre os dois blocos mais importantes, a União Europeia e os Estados Unidos, os líderes europeus encontram-se na próxima quinta-feira numa cimeira extraordinária para debater a questão económica do momento: a resposta ao ambicioso plano de reindustrialização proposto pela administração Biden.

A urgência dos chefes de estado e de governo é tentar garantir que os investidores não desistam da Europa e partam para os Estados Unidos onde passa a ser difícil resistir a um pacote de quase 500 mil milhões de dólares de incentivos, o IRA, Inflation Reduction Act, a aplicar em várias áreas.

Nos últimos dias e seguindo o guião mais previsível, o Banco Central Europeu (BCE) aprovou a sua quinta subida consecutiva das taxas de juro, com um aumento de 0,50 o que situa em 3% o preço oficial do dinheiro, a taxa mais alta desde novembro de 2008. O propósito do BCE é fazer reconduzir aos 2% a taxa de inflação que, na zona euro, encerrou janeiro nos 8,5%, depois de ter tocado no tecto em outubro com 10,6%.

Os sinais macroeconómicos de janeiro até podem ser positivos, as medidas de compressão já produzem resultados, mas o dado ainda objetivo é o de que a baixa da inflação ainda não teve início na zona euro – esta é, no essencial, a mensagem de Christine Lagarde, a líder do BCE.

No caso português, os indicadores sugerem que a economia vai aguentando – ainda que o crescimento do ano passado seja atípico, por se tratar da retoma a seguir ao apagão da pandemia – mas a perceção da maioria das famílias não está em sintonia com esse registo otimista. Afinal, a inflação e as taxas de juro em alta eliminam uma boa parte do rendimento.

Quando se multiplicam os sinais de turbulência dos funcionários públicos, greves dos professores e no setor público de transportes, este é mais um dos momentos “a economia está melhor, mas os portugueses não”? No fim de contas, a persistência da inflação, por um lado e, por outro, uma economia que resiste mais do que o esperado, concede ao BCE argumentos de sobra para continuar a subir as taxas de juro, apesar dos efeitos secundários.

Olhando também para a entrevista de António Costa à tv pública sobre o ano de maioria, a análise é de Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio, Manuel Carvalho da Silva, sociólogo, professor da Universidade de Coimbra e Francisco Jaime Quesado, gestor e especialista em Desenvolvimento e Inovação que acaba de publicar o livro ‘Nova Competitividade”, contributo para um modelo estratégico para o país.

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