08 jan, 2023 • José Bastos
O governo de maioria socialista ainda só tem nove meses, mas já enfrentou vários momentos de enorme turbulência política e mudou mais de uma dezena de rostos.
A demissão do influente ministro Pedro Nuno Santos é o exemplo simbolicamente mais expressivo de um voo longe de estar estabilizado em velocidade de cruzeiro.
Com a demissão de Alexandra Reis, a última semana do ano havia transcorrido da pior forma para o governo, mas a primeira semana de 2023 - em definitivo - não se desenrolou de melhor forma.
Carla Alves, a nova secretária de estado da agricultura esteve menos de 26 horas no executivo e as atenções voltaram-se para os avisos do presidente da República expressos na mensagem de Ano Novo e no regresso do Brasil depois da posse de Lula da Silva.
Agora já se alimentam fundadas dúvidas sobre se o governo socialista conseguirá chegar ao fim da legislatura. O presidente Marcelo num registo contundente entrou em 2023 a indiciar não mais tolerar falhas imperdoáveis e desperdícios dos fundos europeus a aplicar num "ano decisivo".
Já a economia chega ao novo ano a travar a fundo e com riscos de recessão. A inflação alta e a subida dos juros penalizam as famílias, mas na frente orçamental a inflação ajuda à descida da dívida com as receitas fiscais a dispararem mais 20% que o previsto.
A análise aos desafios económicos de 2023 e ao condicionamento presidencial do ciclo político é de Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria, Eduardo Baptista Correia, gestor e professor universitário e Manuel Carvalho da Silva, sociólogo, professor da Universidade de Coimbra.