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As "Midterms", Trump e Ucrânia

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As "Midterms", Trump e Ucrânia

06 nov, 2022 • José Bastos


Nuno Botelho, José Pedro Teixeira Fernandes e José Alberto Lemos na análise dos efeitos das intercalares na qualidade da democracia nos Estados Unidos.

Na próxima terça-feira, dia 8, os eleitores norte-americanos vão votar nas “Midterms”, as eleições intercalares, de meio de mandato, onde se decidirá o controlo das duas câmaras do Congresso. O resultado das eleições determinará a margem de manobra do presidente Biden para concretizar a sua agenda política nos dois anos restantes de mandato.

Mantendo-se o quadro atual com uma maioria democrata nas duas câmaras, Biden pode ser mais ambicioso, mas basta o Partido Republicano vencer uma das câmaras para bloquear as iniciativas da Casa Branca e provocar a paralisia legislativa em Washington. As sondagens conferem várias opções ao Partido Republicano para recuperar a câmara baixa, enquanto a corrida ao Senado parece mais igualada.

Nestas eleições são renovados os 435 lugares da Câmara dos Representantes, cujos deputados são eleitos a cada dois anos, e pouco mais de 1/3 do Senado, onde cada senador é eleito para um mandato de seis anos. Estão em jogo exatamente 35 dos 100 lugares da câmara alta. O controlo democrata na câmara baixa é escasso: só dois assentos dos 218 que conferem maioria. No Senado é ainda mais frágil. Cada partido tem 50 lugares, mas as regras da câmara permitem à vice Kamala Harris desequilibrar para os democratas em caso de empate.

Mas com este pano de fundo formal, desta vez parece haver mais em jogo do que o simples julgamento do eleitorado à economia que, tradicionalmente, penaliza quem governa. É também Donald Trump - e o trumpismo - que não figuram nos boletins - a ir a votos, sobretudo, porque o ex-presidente estará a planear anunciar, provavelmente, a 14 de novembro a sua candidatura para 2024.

“Para tornar o nosso país bem-sucedido, seguro e glorioso, talvez o volte a fazer. Só digo que se preparem. Em breve”. Com estas palavras, na última quinta-feira, no Iowa, Donald Trump, deu um sinal claro da iminente apresentação da sua terceira candidatura à Casa Branca. A seguir, o portal Axios, e, de imediato, o ‘The New York Times’, citando fontes anónimas, marcaram no calendário a semana de 14 de novembro, seis dias depois das eleições intercalares.

A data será fluída, indicam as mesmas fontes. Está condicionada pelos resultados eleitorais. Trump pode adiar o anúncio se, por exemplo, os resultados da corrida na Georgia pelo lugar na câmara alta entre o democrata Raphael Warnock e o republicano Herschel Walker, agora muito próximos, determinarem uma segunda volta que só terá lugar depois de 6 de dezembro.

Há muito que tanto Trump como o seu círculo mais próximo multiplicavam sinais da candidatura ponderada até para antes das ‘midterms’, considerando o ex-presidente que assim se poderia proteger de algumas investigações e processos legais de que é alvo. O anúncio é igualmente importante para Trump afastar potenciais rivais no Partido Republicano onde o ex-presidente é a força dominante.

Nenhum rival representa maior ameaça para o ex-presidente do que o governador da Florida, Ron DeSantis e a tensão com Trump vai ter hoje mais um episódio. O ex-presidente está em Miami a apoiar o senador Marco Rubio, ignorando o comício de DeSantis em Tampa, à mesma hora.

Está em jogo nas intercalares desta terça-feira o regresso de Trump à Casa Branca e, no limite, a qualidade da democracia nos Estados Unidos? As eleições podem também condicionar a resistência da Ucrânia à invasão russa? Afinal, os republicanos ameaçam reduzir o apoio se recuperarem o controlo do Congresso. Os conservadores querem que a União Europeia pague uma fatura mais generosa da ajuda a Kiev e expressam em público as divisões sobre o caminho a seguir.

A análise de Nuno Botelho, José Pedro Teixeira Fernandes e José Alberto Lemos que olham também para a guerra na Ucrânia, a cimeira do clima COP27 hoje iniciada em Sharm el-Sheikh e o rescaldo das presidenciais no Brasil.

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