01 mai, 2022 • José Bastos
A temperatura da guerra psicológica entre a Rússia e o Ocidente não deixa de aumentar à medida que cresce a magnitude das armas enviadas para a Ucrânia pelos aliados ocidentais.
Desde que a agressão da Federação Russa entrou no seu terceiro mês, aumentou significativamente a envergadura e a sofisticação das armas comprometidas pelos aliados a Kiev.
A Alemanha enviará tanques Gepard antiaéreos; Estados Unidos, carros blindados, drones experimentais ou artilharia pesada de largo alcance, semelhante à prometida por França e Canadá. É o resultado da reunião de Ramstein onde o tom dos discursos indiciava que o Ocidente se prepara para uma guerra longa, congelada e desgastante.
Enquanto cresce o músculo militar ucraniano, também aumenta a retórica do Kremlin, a não deixar de ameaçar com um possível recurso nuclear para dissuadir os inimigos. Vladimir Putín afirmou que se “alguém tentar intervir do ocidente” e “criar riscos estratégicos inaceitáveis” para a Rússia, Moscovo responderá com “ataques relâmpago”.
Mas esta foi a semana da ONU com António Guterres a viajar até Moscovo e Kiev num momento em que nenhum dos lados em conflito parece pretender a paz. Por sinal, a Rússia atacava Kiev quando o secretário geral da ONU ainda discursava ao lado do presidente Zelensky.
Um assessor do presidente ucraniano Volodimir Zelenski, Mijailo Podoliak, sublinhou a ‘coincidência’ entre os mísseis e presença de Guterres. “Ontem estava sentado na mesa gigante do Kremlin e hoje há explosões por cima da sua cabeça. Um cartão-postal de Moscovo? Lembrar que a Rússia ainda tem um lugar permanente no Conselho de Segurança?”, perguntou Podoliak na sua conta do Twitter.
Tão tardia quanto ineficaz a ação da ONU? Guterres fez bem em posicionar-se para poder ter um papel na mediação da guerra? Com um mandato limitado pode o secretário-geral da ONU realisticamente fazer mais? Até onde pode ir a ONU quando um membro do CS , com direito de veto, é o agressor ao arrepio do direito internacional?
A análise a estas questões e ao futuro do mundo do trabalho neste dia 1 de Maio é de Nuno Botelho, líder da ACP Câmara de Comércio e Indústria, Carvalho da Silva, professor do CES e do jornalista José Alberto Lemos.