06 mar, 2022 • José Bastos
O drama da guerra voltou ao quotidiano europeu. A Ucrânia é um país a sangrar no meio de um horror anunciado. O tempo ainda é dos mísseis, mas é importante ir adiantando o relógio da paz, antes que seja tarde.
Em 11 dias muito se alterou na comunidade das nações, mas pouco parece ter mudado no campo de batalha. Mais de uma semana depois do início da invasão russa, a população ucraniana continua a resistir, mas o agressor estará a introduzir novos elementos na estratégia de guerra.
À hora desta emissão decorre nova tentativa de evacuação de civis, no sul da Ucrânia. A retirada de populações civis é uma matéria de grande importância na estratégia militar seguida por Moscovo, numa guerra que analistas já previam como podendo ser de larga duração.
Depois do fracasso da guerra relâmpago destinada a fazer cair o governo de Zelensky, as forças russas estão a fustigar áreas civis precisamente para forçar a saída da população e facilitar o avanço em áreas urbanas como as cidades do sul ou Kiev, a norte.
Depois de Mariupol, os estrategas russos pretendem que as tropas avancem até Ocidente, rumo a Odessa, o porto marítimo de referência da Ucrânia. A sua conquista permitiria uma velha aspiração de que se falará de forma recorrente, há anos, no Kremlin: estender um corredor terrestre entre a região do Donbass (Donetsk e Lugansk), a já anexada Crimeia e toda a costa do Mar Negro.
A análise dos ângulos militares e geopolíticos é de Nuno Botelho, Bruno Reynaud de Sousa, José Alberto Lemos e Manuel Carvalho da Silva.