12 dez, 2021 • José Bastos
“Ao ritmo atual, Portugal demora 95 anos a duplicar a produção. 95 anos! Se nada fizermos, o que temos diante de nós é um século perdido – um século inteiro perdido! (…) É esse o futuro a que queremos condenar um país com quase 1000 anos de história?”
“Não nos conformamos com o crescimento médio anual registado na economia portuguesa entre 2001 e 2009. (…) Não nos conformamos com a queda dos salários médios 3% em termos reais face a 2000. (…) Não nos conformamos com a existência de 900 mil portugueses sem médicos de família”.
“Não nos conformamos com a morosidade, o corporativismo e a aversão à mudança na justiça que repele investimento estrangeiro e subtrai a confiança no Estado de Direito. (…) Não nos conformamos com um sistema eleitoral impávido e sereno perante o crescimento da abstenção, que nas últimas legislativas atingiu o recorde de 51%”.
Álvaro Beleza podia tê-lo dito num tom mais alto, mas dificilmente poderia ter sido mais claro como foi no discurso que encerrou o V Congresso da SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social), o laboratório de ideias nascido antes da democracia (assinala 50 anos) para federar uma visão estratégica e uma visão para o desenvolvimento de Portugal, processo em contínua atualização.
Um “autêntico exército de inteligência” - composto por académicos, empresários, tecnocratas, políticos numa longa lista de atores sociais - desenhou um diagnóstico dos principais problemas estruturais que “estrangulam a produção de riqueza, o elevador social e a própria cidadania” e apontaram soluções. “As mudanças sugeridas estão detalhadas nos relatórios que produzimos e que são públicos, estão disponíveis no nosso site”, lembrou Álvaro Beleza, no discurso de Carcavelos.
O V Congresso da SEDES é um dos temas para a análise de Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria do Porto, Álvaro Beleza, presidente da associação cívica referência do espaço público, a SEDES, e Eduardo Baptista Correia, professor universitário e gestor a olharem também para a vacinação de crianças 11-5 anos.