26 jul, 2023 • Cristina Nascimento , André Peralta (sonorização)
O interesse dos mais novos nas causas ambientais existe, mas muitos chamam galinha a um pavão. O relato é feito à Renascença por Paulo Lopes, biólogo e um dos responsáveis pela programação da Quinta Pedagógica dos Olivais, em Lisboa.
Este espaço de dois hectares em plena LIsboa recria o mundo rural, com animaís à mão de uma festinha e produção hortícola a crescer aos olhos de quem vai à Quinta.
“O mais engraçado dos miúdos é que eles muitas vezes não identificam nem os animais, nem as plantas. Vou dar o exemplo de uma nespereira que é uma coisa simplicíssima, que a maior parte dos adultos reconhece, mas a maior parte dos miúdos chegam à árvore e não reconhecem aquilo como um fruto comestível, porque pura e simplesmente nunca viram a árvore produzir o fruto", explica.
Paulo Lopes acrescenta que "este tipo de dissociação é muito comum dos miúdos. Quando chegam à quinta, muitas vezes chamam, por exemplo, galinhas a um pavão, ou chamam cabras a uma ovelha, ou chamam cavalos a um burro”.
Também Rúben Oliveira, da Liga para a Proteção da Natureza, atesta que há um desfasamento de conhecimentos, até entre os miúdos que são mais entusiastas sobre os temas ambientais. Rúben Oliveira explica que "a literacia ambiental está com diferentes forças, muito ligada às alterações climáticas e, naquilo que toca mais ao património natural, às espécies ameaçadas, às vezes não está tão forte”.
Nesta reflexão sobre o conhecimento da natureza, o dirigente da LPN reconhece que nos primeiros anos de escolaridade é feito um investimento nesta área, mas que depois perde-se "com o passar dos anos", sobretudo quando vão surgindo outros interesses.
Questionado sobre se o mundo da natureza fica a perder, por exemplo, para a tecnologia, Rúben Oliveira explica que "está a acontecer um movimento engraçado, que é a natureza também se está a habituar aos ecrãs".
"Há cada vez mais aplicações, por exemplo, em que basta apontar um telemóvel para uma espécie de planta ou de animal e o telemóvel diz o que é. Às vezes utilizar o telemóvel como ferramenta e não o vendo como mau da fita, digamos assim, nessa ligação tem de ser algo que devemos ter presentes. Os telemóveis vão cá ficar, temos é de arranjar formas de voltar a aproximar as pessoas da natureza”.
O "Compromisso Verde" é uma parceria Renascença e Euranet Plus.