06 nov, 2024 • Filipa Ribeiro
Mariana Vieira da Silva considera que, "desde os incêndios" de setembro, a imagem da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, tem sido "muito frágil". A deputada do PS considera que o primeiro-ministro "tem plena consciência da forma como a ministra enfraquece o Governo", sublinhando que cabe a Luís Montenegro definir a composição do executivo.
Duarte Pacheco, antigo deputado do PSD, considera "graves" as declarações de Margarida Blasco sobre o direito à greve das forças de segurança. O social-democrata reconhece que "passados seis meses de governação, despedir alguém por uma declaração infeliz não é a razão mais forte", no entanto sublinha que "se os episódios se repetem com frequência, é preciso tirar conclusões".
Ainda sobre os tumultos e as declarações do presidente da Câmara Municipal de Loures, Mariana Vieira da Silva diz esperar uma "reflexão" de Ricardo Leão sobre se deve ou não manter a sua posição política na liderança do PS Lisboa e distancia-se das declarações do socialista. Duarte Pacheco, por outro lado, mostra-se solidário com Ricardo Leão e defende uma revisão do regulamento e do Código Civil para inserir consequências para quem destrói património público.
Mariana Vieira da Silva fala de um "dia triste para a democracia" quando se confirma a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos da América. O deputado do PS sublinha que esta é "uma vitória do discurso de ódio, do encerramento, da total ausência de limites que terão impacto na NATO". O socialista sublinha que "as políticas protecionistas vão crescer em todas as regiões do mundo e que a Europa tem muito a perder". Mariana Vieira da Silva acredita que o aumento da relação entre o poder económico e político com as redes sociais trará "a palavra fascismo".
O socialista considera que Donald Trump ganhou através do "clima de medo em que o mundo vive e que ajudou a criar". O deputado do PS considera que Trump aproveitou para projetar "uma figura de força". Mariana Vieira da Silva sugere um debate sobre "se a escolha de uma candidata mulher à presidência teve influência na imagem de força" que a população procura.
Duarte Pacheco, por outro lado, não está otimista e considera que este é o momento de a Europa começar a "automonizar-se", considerando que a Europa pode estar a "voltar" ao mercado comum. O social-democrata sublinha que a União Europeia "precisa de investir na defesa".
No programa Casa Comum da Renascença, Duarte Pacheco teme perdas em termos económicos "com menos crescimento económico" que possam resultar se a "maior economia do mundo se fechar em si mesma" e em termos de segurança devido à "falta de previsibilidade" do novo líder da Casa Branca. O social-democrata diz que "vamos viver momentos sérios".
O ex-deputado do PSD considera ainda que o facto de Kamala Harris ter começado a campanha a usar o "aborto" pode ter sido um erro. "Sendo uma questão central, pode ter alienado pessoas que poderiam votar no partido democrático, mas que por questões religiosas não o fizeram", disse.
Duarte Pacheco apela a um reflexão dos líderes dos países europeus sobre o descontentamento dos jovens, alertando que a extrema-direita começa a crescer na Europa. e que foi a falta de resposta à preocupação dos jovens que levou os eleitores mais novos a votar em Donald Trump.