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Casa Comum - Dúvidas sobre surto de coronavírus em Portugal - 11/03/2020

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Francisco Assis. "Não percebo a hesitação em encerrar as escolas"

11 mar, 2020


Surto de coronavírus foi o tema em destaque no programa "Casa Comum" da Renascença.

Paulo Rangel duvida que esteja a ser contada toda a verdade sobre os casos de coronavírus existentes em Portugal. O tema esteve em debate no programa “Casa Comum” da Renascença.

O eurodeputado social-democrata diz ter informações que indiciam alguma falta de transparência sobre o que está a acontecer no nosso país.

“No caso português, neste momento, há algumas dúvidas sobre se estamos a ser totalmente transparentes. Tenho algumas dúvidas. Há casos relatados nos jornais que pessoas comuns já me tinham relatado há dois ou três dias. Eles já lá estavam e não estavam a ser noticiados”, afirma Paula Rangel.

O eurodeputado considera que a Linha SNS24 tem dado conselhos contraditórios: “Há pessoas a quem é dito que têm que estar em quarentena, mas que têm que ir trabalhar. Outro aspeto um pouco intrigante relaciona-se com pessoas que se têm deslocado aos hospitais com gripes normais, mas são mandadas para casa e não são sujeitas a teste do novo coronavírus.”

Já o socialista Francisco Assis diz não compreender as razões pelas quais as escolas não foram ainda encerradas em Portugal.

“Tem que haver um esforço enorme para estancar a evolução desta epidemia. Têm que ser tomadas as decisões por mais duras que sejam. Desse ponto de vista não percebo esta hesitação em encerrar as escolas. Parece que já se devia ter tomado a decisão de encerrar as escolas e antecipar as férias da Páscoa. Não percebo porque algumas universidades continuam a funcionar, em particular a Universidade do Porto”, defende Francisco Assis.

O antigo deputado considera que “há quem não queira que se fale a verdade” e “houve logo uma grande pressão” sobre a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, quando admitiu um cenário em que um milhão de pessoas pode ser infetadas em Portugal.

“Achavam que ela tinha ido longe demais quando ela se limitou a dizer que muito provavelmente corresponderá à verdade. Oxalá não se chegue a esse ponto, mas há um risco real de isso acontecer. Enquanto na Alemanha é a própria chanceler a dizer que há um risco real de que 70% dos alemães serem afetados e há que preparar para isso numa sociedade que está habituada a enfrentar os problemas, em Portugal temos sempre uma certa tendência para nos iludirmos e fugirmos aos problemas.”

Por seu lado, Paulo Rangel considera que "não traz nenhuma vantagem" dizer que 70% da população vai ficar infetada. "Uma coisa é cenarizar, outra coisa é tornar isso público através dum responsável político", sublinha.

A pandemia de coronavírus também está a atingir a economia. Paulo Rangel não tem dúvida que "estamos em risco de uma crise financeira séria e não apenas económica. Desde logo pela questão italiana, porque os bancos italianos estavam numa situação periclitante e a circunstância de uma crise económica grave que se abata sobre Itália terá consequências sobre a sua banca e nessa medida sobre a sua situação financeira".

O eurodeputado considera que, se a Alemanha abrir os cordões à bolsa e aumentar a sua própria despesa, poderá, como motor da Europa, "não digo que ultrapassar todos os efeitos negativos que aqui temos, mas mitigar e reduzir o impacto forte de algumas situações. Mas é preciso que esses países com muita disponibilidade orçamental sejam capazes de fazer isso".

Na leitura de Francisco Assis, "não podemos desligar o aumento do défice orçamental das consequências que isso tem na dívida pública do país a médio prazo".

"A questão vai colocar-se mais no plano da solidariedade dos países com mais folga orçamental. Julgo que estão criadas as condições para que se debate se possa fazer e que possa ter mais sucesso nos seus resultados finais", remata.

[notícia atualizada]

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  • Cristiano Fonseca
    12 mar, 2020 porto 10:39
    Se os alunos saem das escolas para irem para a praia ou centros comerciais não vale a pena que fechem.