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José Luís Ramos Pinheiro
Opinião de José Luís Ramos Pinheiro
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Opinião - José Luís Ramos Pinheiro

​Incêndios e demissões

17 out, 2017 • Opinião de José Luís Ramos Pinheiro


A incompreensível negação de responsabilidades por parte do Governo é um erro que pode gerar consequências políticas mais graves.

O que se está a passar em Portugal sobre os incêndios é demasiado trágico. Não haverá uma, mas múltiplas causas que explicam esta tragédia, ainda assim inaceitável.

Temos um país bipolar que navega (e bem) no digital, mas que neglicencia (e mal) pessoas e recursos naturais.

Como alertam os especialistas, há muita coisa a fazer. E os problemas não começaram agora.

Apesar disso, nem o primeiro-ministro nem a ministra da Administração Interna conseguem convencer a população de que o Governo está isento de erros neste processo.

A substituição de parte significativa dos dirigentes da proteção civil a poucos meses da época de incêndios, por exemplo, foi decidida por quem?

Foi uma decisão da ministra ou imposta à ministra?

A incompreensível negação de responsabilidades por parte do Governo é um erro que pode gerar consequências políticas mais graves.

Claro que as demissões da ministra da Administração Interna ou de outros responsáveis, por si só, não garantem nada para o futuro. Mas seria uma forma de accionar a responsabilidade política, inerente à condição de qualquer titular de cargos públicos, de qualquer governo e em qualquer lugar. É o que se espera, em democracia, dos responsáveis políticos.

Não se trata de fugir aos erros. Trata-se apenas de os assumir.

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    18 out, 2017 TERRADOMEIO 20:14
    O articulista surpreende-me pela positiva (não leve a mal...). No meio da fúria e do ruído presentes, do cínico rasgar de vestes de tanta poluta gente, de brados de censura e pedidos de quase lapidação de membros do governo (como se houvesse alguém em posição de lançar pedras!), eis uma opinião equilibrada, na forma e no conteúdo, que coloca algumas questões que devem, efetivamente, ser respondidas. Sem tiques histriónicos, sempre suspeitos, ou amnésias seletivas, ou súbitas erupções de "sentido de estado" perante a tragédia. A população quer respostas e responsabilizações e soluções, mas a população não é parva - ou já não é tão parva como foi. De facto, "os problemas não começaram agora", mas "a incompreensível negação de responsabilidades por parte do governo é um erro que pode gerar consequências políticas mais graves". Não sei se pelos mesmos motivos, mas concordo em absoluto com o que diz.
  • ADISAN
    18 out, 2017 Mealhada 15:55
    Não sou, nem nunca fui, "geringoncista" mas não gostaria de acreditar que os trágicos incêndios tenham acontecido propositadamente para derrubar o governo. Pode ter havido negligência, e sabemos que houve, mas não é justo pemsarmos que, com outro governo, tal não aconteceria. Por isso já chega de calamidade e vamos todos, mas mesmo todos, tentar aprender alguma coisa do que correu mal. Derrubar o governo certamente que, por princípio, não vai resolver problema nenhum, mas sim, arranjar mais problemas ao país.
  • Carlos
    18 out, 2017 Marinha Grande 13:19
    Fala-se em "TERRORISMO", na origem desta CALAMIDADE... Eu diria mais: trata-se, sim, de TERRORISMO, mas COM MOTIVAÇÕES POLÍTICAS!... Se não, veja-se a quem mais "aproveita" esta TRAGÉDIA: à oposição política, que, à semelhança do ocorrido há quatro meses, com a TRAGÉDIA DE PEDRÓGÃO (em que se apressaram a vir a terreiro apontar o dedo e tentar tirar benefícios políticos do ocorrido, tendo, até, chegado ao "cúmulo" de virem anunciar mortes/suicídios que, felizmente, não aconteceram), se apressam, agora, mais uma vez, a vir a terreiro apontar o dedo e tentar colher dividendos políticos, quando se sabe que, estes mesmos políticos, que são, agora, oposição, estiveram na governação até há bem pouco tempo!... Perante o que aconteceu, no passado Domingo, é mais do que óbvio que os mais de 500 incêndios resultaram de uma acção devidamente planeada e concertada, com os "orquestradores" sabendo, de antemão, que aquele ia ser um dia propício à concretização dos seus intentos, devido às condições climatéricas/atmosféricas previstas (temperaturas muito elevadas, com ventos fortes, e reduzidíssimo nível de humidade do ar). Era, assim, esta a grande e derradeira oportunidade para concretizarem esta "acção terrorista" no presente ano!... É que nós sabemos que, na política, infelizmente, vale tudo para atingirem (ou, pelo menos, tentarem) os seus intentos!!!!...
  • Capeta
    18 out, 2017 Olhão 13:02
    Parece que agora a intenção generalizada não é tanto reestruturar a defesa civil, bombeiros, aproveitamento dos solos, etc mas sobretudo culpar o governo que nos espaço de dois meses, não corrigiu erros de décadas.
  • Vera
    18 out, 2017 Palmela 11:32
    Se o 1º Ministro sair, agora depois das eleições autárquicas, pode parecer jogada política! o que pode dar uma grande chatice... Deixem o Sr. Presidente decidir, porque ele sabe o que faz.
  • victor
    18 out, 2017 lx 11:10
    O país está preparado para uma média de 250/270 fogos/dia;no domingo houve cerca de 525/530;não existem para uma calamidade natural destas,eventualmente iniciadas numa boa parte por queimadas (mais de uma centena), estruturas de combate . Dizer que "isto" é culpa de um governo não passa de ataques politico/partidários. Terá havido falhas na Protecção Civil, mas não há meios para tanta ignição,numa mesma altura ,num mesmo dia.
  • Helena Matos
    18 out, 2017 Coimbra 03:15
    Pelos vistos, um fardo na consciência de mais de uma centena de vítimas mortais e de mais de meia centena de feridos, de gente q ficou sem um teto e sem trabalho, pq os serviços do Estado em quem confiaram foram incompetentes, não fazem o PM arredar uma linha do que disse. É triste tanta insensibilidade e irresponsabilidade. Ficou provado em Junho e fica provado agora que houve má avaliação, negligência e incompetência por parte dos serviços do MAI. Só faltava mesmo era o discurso último de Costa e do Sec de Estado a dizer que nos habituássemos a ser resilientes e a cuidar de nós próprios e dos nossos bens. pq situaçóes destas estavam para lavar e durar. Não, isto nunca sucedeu e com gente capaz à fente dos destinos deste país não ocorreria. Já houve anos de maior número de fogos e nunca houve tragédia desta dimensão, nem em vítimas mortais e feridos nem em área ardida. Sinto vergonha da gente q nos governa. O BE e o PCP continuam a assobiar para o lado, como se esta desgraça não tivesse existido. Não se lhes ouviu uma palavra de repúdio, pq estao mais interessados em defender o governo do q as pessoas. Vamos aguardar para ver como ambos irão votar a moção de censura ao governo pela má gestão no combate aos incêndios deste ano. Vamos aguardar para ver o q é q pesa mais nas escolhas destes partidos: se o goveno incompetente e soberbo, se o povo indefeso q pede socorro e não vem. Se esta tragédia tivesse ocorrido há 2 anos eu teria a certeza do sentido de voto de ambos.
  • Carlos Simas
    17 out, 2017 Viseu 20:04
    Neste momento já não chega a demissão da ministra.Agora impôe-se a demissão do primeiro ministro costa.Se não tomou a decisão política de não demitir a ministra quem está agora em negação é o primeiro ministro.Basta de refúgio em tudo que não é explicável em politica.O governo errou não tirou as devidas consequência e por isso agora o que está em jogo é Antonio Costa.Cabe ao o presidente da República tratar das firmalidades a seguir.Chamar alguém do PS a formar governo, mas como este partido não ganhou eleições não sei se deve ser.Outra hipótese é um governo de inspiração Presidencial.Até para normalizar o clima político e fazer novas eleições logo que possível.Acho que este governo de inspiração Presiencial deve terminar a legislatura actual E acho que na Assembleia da República não vai haver problema de não aprovação. Desfeita a geringonça cada partido vai procurar o seu eleitorado e do outro lado PSD e CDS não vão pôr problemas antes pelo contrário vão apoiar.Por isso está nas mãos do Presidente resolver esta vergonha Nacional e de um Primeiro Ministro incapaz de jurar a defesa dos cidadãos seja em que circunstâncias for.