A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, alerta os portugueses para não irem em modas, nem em mitos, em relação à alimentação. Numa época em que se prometem dietas milagrosas, a especialista avisa: “As modas alimentares são disparatadas e visam interesses económicos, que podem ser de grandes instituições e grandes empresas, mas também podem ser interesses de indivíduos que são charlatões e que visam o comércio.”
Alexandra Bento acaba de escrever “Comer Bem é o Melhor Remédio” (ed. Porto Editora), um livro sobre como ter uma alimentação equilibrada e como fazer uma dieta eficaz.
É um dos muitos livros sobre o tema que enchem as prateleiras das livrarias nesta época do ano. Mas porque é que este é diferente? “De facto, cada vez há mais livros e mais informação sobre alimentação e nutrição e crescem o número de livros, sobretudo nesta altura do ano, com mitos, falsos conceitos, dietas da moda e dietas milagrosas. Este livro tenta romper com estas ideias e esta lógica”, explica a bastonária em entrevista a Renato Duarte na Manhã da Renascença.
Alexandra Bento quis fazer um livro "intemporal", que transportasse as regras da alimentação saudável para todas as estações do ano (e não apenas o Verão).
A autora ressalva, no entanto, que “intemporal” não quer dizer que o que está neste livro “será válido para as décadas seguintes, porque a alimentação e a nutrição são uma ciência e uma ciência não é estática. É dinâmica”, diz. “Não se contraria a ela mesma todos os dias, mas evolui."
Há várias modas na alimentação. “Não comas isto, come aquilo”. “Não ponhas isso. Põe isto”. Uma delas é a comida com ou sem glúten.
Sobre o assunto, a especialista é peremptória: “Há muitas das modas que são comerciais e isso deve ser dito. O glúten é uma proteína que está nos cereais e há intolerantes, mas são poucos. E retirar o glúten de um indivíduo saudável é um tremendo disparate”, alerta.
Para quem se sente perdido no meio da “selva de informação” que há sobre este tema, Alexandra Bento aconselha as pessoas que procurem os dados que desejam em “grandes autoridades”, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Em Portugal, a informação mais fidedigna, segundo a nutricionista, é disponibilizada pelo Ministério da Saúde e pela Direcção-Geral da Saúde.