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Padroeira de Aveiro mais próxima da canonização

26 jun, 2017 • Júlio Almeida


A Igreja de Aveiro quer dar a conhecer melhor quem foi Joana de Portugal, que já todos consideram Santa. Membros do tribunal especial criado na diocese tomaram posse este Domingo.

Santa Joana Princesa: É já desta forma que todos se referem a ela, mas o processo de canonização só foi reaberto em 2015, 50 anos depois de ter sido declarada padroeira da diocese de Aveiro pelo Papa Paulo VI. Este domingo 25 de Junho, dia da igreja diocesana, tomaram posse os membros do tribunal que, por indicação do Vaticano, vai dar início à fase da canonização. Recolher testemunhos e documentos sobre a vida e virtudes serão os próximos passos para chegar à proclamação oficial da sua santidade, num processo que é inédito na Diocese de Aveiro, e que será longo e complexo.

A filha do rei D. Afonso V, que desafiou o pai e escolheu a vida de clausura, foi desde sempre alvo de grande devoção popular.

À beata Joana são atribuídos milagres em vários registos históricos, que agora virão à actualidade. “Houve várias tentativas ao longo do tempo que não avançaram por várias razões, mas agora será instruído", diz à Renascença Nuno Gonçalo da Paula, provedor da Irmandade de Santa Joana. Para este responsável o exemplo de vida e de fé desta mulher permanece actual, mas é preciso que seja mais divulgado. "É preciso trazê-la para os nossos tempos. Ser Santa não altera nada na comunhão dela com Deus, é uma nomenclatura humana, agora nós é que podemos beneficiar para a própria santificação do povo de Deus. É o contributo que a Igreja de Aveiro pode dar à Igreja universal. Ela foi uma mulher que poderia ter tudo, ser tudo o que quisesse, mas que renunciou a tudo. Percebeu o que era essencial para viver Jesus Cristo. Afirmou-se como um exemplo de coragem, de independência e vontade. Isto é marcante para sociedade de hoje, abúlica e sem vontade", sublinha o provedor, que tem estudado a fundo a vida de Joana Princesa.

"O convite à santidade tem de moldar toda a existência cristã: 'Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação', é um compromisso que diz respeito não apenas a alguns, mas os cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade", vincou o Bispo de Aveiro durante homília do dia da padroeira, a 12 de Maio.

D. António Moiteiro lembrou, ainda, que “o 'Memorial da Infanta', conservado no Convento, resume, no momento da sua morte, toda a vida de Santa Joana: ‘amando mais seguir a Cristo pobre e humilde, perseverou até ao seu santo falecimento, ajudando a ele muito misericordiosamente pôr em fim todas as obras meritórias com todo fervor e amor de Deus’”.

A filha de el-rei D. Afonso V e de D. Isabel, a princesa Joana tinha 20 anos quando deixou Lisboa e a corte para se dedicar à vida religiosa de clausura. A 4 de Agosto de 1472 entrou no convento de Jesus, das dominicanas, na pequena vila muralhada de Aveiro, onde fez votos secretos. Morreu a 12 de Maio de 1490, com 38 anos, mas o seu exemplo de austeridade e fervor religioso levou desde sempre o povo de Aveiro a chamar-lhe “Santa” e protectora da cidade. O culto foi confirmado com a beatificação pelo Papa Inocêncio XII, a 4 de Abril de 1693. Já no século XX, a 5 de Janeiro de 1965, o Papa Paulo VI constituiu-a padroeira daquela diocese portuguesa onde 50 anos depois, em 2015, foi reaberto o processo de canonização, no qual se trabalha agora.

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