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Maria Rosário Carneiro
Opinião de Maria Rosário Carneiro
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​Falando de educação

26 jun, 2017 • Opinião de Maria Rosário Carneiro


Há que oferecer aos alunos um conjunto, o mais completo possível, de experiências e oportunidades de aprendizagem para que se possam preparar para o enfrentar de forma competente e livre.

Um estudo de 2017 produzido pela Universidade de Stanford alerta para a necessidade de adequação da organização curricular da escola às necessidades de formação dos jovens face aos desafios múltiplos, mutáveis, imprevisíveis do futuro.

Não conseguimos antecipar o mercado daqui a 30 anos, nem tão pouco a forma como a sociedade se irá organizando. Podemos fazer projecções, desenhar cenários prospectivos, mas verdadeiramente antecipar como será, não conseguimos, face à extraordinária, vertiginosa e complexa mudança que presenciamos e produzimos.

Podemos, no entanto, acautelar o que não queremos, prever o que necessitamos para continuarmos humanos, livres, autodeterminados e, na medida do possível, felizes.

A educação que proporcionamos nas escolas é, sem dúvida, uma ferramenta determinante para a aquisição e desenvolvimento de competências e capacidades para continuarmos senhores das nossas vidas. Mas saberes estáticos, modelos rígidos de aprendizagem, dificilmente apetrecharão para uma efectiva pertença, para uma real e verdadeira capacidade de definir onde se quer estar e o que se quer fazer.

Em 1972, a Unesco publicou um relatório coordenado por Edgar Faure, “Aprender a ser”, focado na dimensão do desenvolvimento integral que a escola devia proporcionar. Em 1996, a mesma organização divulgou um novo relatório, coordenado por Jacques Delors, “A educação, um tesouro a descobrir”, retomando a mesma perspectiva mas aprofundando as dimensões da relação com os outros e da aquisição de competências para uma efectiva aprendizagem ao longo da vida.

De então para cá múltiplos têm sido os trabalhos desenvolvidos no sentido de reconceptualizar o modelo curricular no sentido de prosseguir o objectivo do desenvolvimento pleno dos alunos, dotando-os de múltiplas capacidades de aprendizagem. Não se questiona a importância do ensino das línguas, matemáticas e ciências. Questiona-se sim, a intransponível importância de integrar com igual peso o ensino das artes, a aprendizagem da cidadania, o desenvolvimento da inteligência emocional.

O futuro apresenta-se com inúmeras alternativas. Há que oferecer aos alunos um conjunto, o mais completo possível, de experiências e oportunidades de aprendizagem para que se possam preparar para o enfrentar de forma competente e livre.

Comentários
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  • António Costa
    27 jun, 2017 Porto 20:58
    Numa empresa de produção em série onde trabalhavam vinte e passaram a trabalhar oito e desses oito pediu-se que se mantivesse a produção ao mesmo tempo, (sem se disponibilizavam meios), que desenvolvessem uma linha de produção manual. Até o que restava desse agravar de condições de trabalho até ai, as relações interpessoais, iria ser minado nessa pobre empresa. Para melhorar seja o que for é necessário meios, mudanças sem meios traduzem-se no ditado “é pior a emenda que o soneto”.
  • MASQUEGRACINHA
    26 jun, 2017 TERRADOMEIO 16:41
    Em comentário ao artigo, sobretudo ao último parágrafo e ao tal futuro que se apresenta com inúmeras alternativas, atrever-me-ia a recomendar vivamente a leitura, ou releitura, do conto "Profissões", de Isaac Asimov, escrito em 1957. Provavelmente ipsis verbis, é esse o futuro do falatório sobre educação.
  • António Costa
    26 jun, 2017 Cacém 08:54
    Existir "Boa fé". Apreender-se determinados conceitos Básicos, "Bem apreendidos". (1) Perceber o que se lê. Entender o que se lê. O que se faz nos livros de leitura obrigatória? Despejam-se e "vomitam-se" interpretações de terceiras pessoas, desses livros, para quê? (2) Na Matemática o "conceito base" de proporcionalidade, por exemplo (popularmente "regra de três símbolos"). Este conceito básico não é explicado. Centenas de regras são apresentadas e despejadas como se de coisas diferentes se tratasse. No fundo a tangente de um ângulo, a percentagem de um número, a inclinação de uma reta são tudo a mesma coisa. A imaginação humana consegue "esticar" o mesmo conceito, de mil e uma maneiras diferentes. (3) Uma caneca é apenas uma caneca, só. No ensino, a caneca vai levando nomes diferentes se tem a pega "para a esquerda" ou para a "direita". As pessoas são ensinadas apenas a repetir instruções ("despejar"). Apenas.