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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A Europa e os EUA

30 mai, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os europeus não podem contar com uma infalível protecção militar americana. Nem britânica.

“Nós, europeus, devemos tomar em mãos o nosso próprio destino”. Esta frase da chanceler Merkel correu mundo. Ela traduz a frustração de Merkel quanto ao fraco empenhamento de Trump na NATO. E talvez envolva também o “brexit”.

Depois do fim da II Guerra Mundial, os dirigentes americanos impulsionaram a integração europeia, como primeira linha de defesa contra o expansionismo soviético e contra a influência considerável dos partidos comunistas em França e na Itália. Por isso surgiu o Plano Marshall, uma ajuda financeira maciça à recuperação de uma Europa devastada pela guerra – mas impondo aos países beneficiários a gestão em conjunto das verbas vindas dos EUA. Assim nasceu a OECE, Organização Europeia de Cooperação Económica, mais tarde OCDE.

A URSS e os países da área soviética recusaram esse auxílio. Salazar começou também por não incluir Portugal na lista de beneficiários do Plano Marshall (era já o síndroma do “orgulhosamente sós”), mas recuou e aceitou receber ajudas a partir de 1949.

Mas o derradeiro empurrão para criar a Comunidade Económica Europeia veio de um “fiasco” europeu: a falhada resposta militar do Reino Unido e da França, em 1956, em apoio a Israel, depois da nacionalização do canal do Suez pelo presidente egípcio Nasser. O presidente dos EUA, Eisenhower, opôs-se publicamente à operação franco-britânica, humilhando os aliados europeus, que tiveram que retirar as suas tropas. Pouco depois era assinado o Tratado de Roma (sem o Reino Unido), criando a CEE.

O apoio americano à Europa comunitária foi importante e prolongou-se até Obama. Apesar de ter terminado a guerra fria, a agressividade de Putin ameaçava, e ameaça, vários países da antiga órbita soviética. Mas, em 1956, uma falha na solidariedade transatlântica, como foi a crise do Suez, provocou o impulso final para seis países europeus darem um grande passo no sentido da integração.

Agora, face ao desinteresse de Trump na NATO e à saída do Reino Unido da UE, tomar o destino nas suas mãos significa para os europeus, antes de mais, levarem a sério a sua própria defesa.

Comentários
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  • JMC
    31 mai, 2017 USA 14:22
    Sr. Marco Visan: Agradeço por me corrigir. Tem razão: Embora a sua língua magnífica não seja a minha língua nativa, posso fazer melhor. No futuro, farei melhor. Devia ter dito "ódio" sim, e nunca queria desmerecer intencionalmente a sua língua maravilhosa. No caso de o Marco quiser aperfeiçoar o seu inglês no futuro, vou fazer-me disponível num outro fórum, uma vez que sou falante nativo e professor da língua inglesa. Seja como for, envio-lhe os meus sinceros agradecimentos.
  • António Costa
    31 mai, 2017 Porto 01:28
    Faz todo o sentido a ligação à India (e imergentes), a cooperação traz frutos a muito curto prazo mas é necessário apostar no apetrechamento tecnologicamente da Africa, problemas relacionados com a rentabilização dos seus recursos naturais que não se encontram em mais parte nenhuma do planeta em tamanha diversidade, investir em tecnologia na transformação, acondicionamento e comercialização desses mesmos produtos é uma aposta que tem tudo para dar certo libertando-se a Europa desse trio e também a Africa e América Latina.
  • António Costa
    31 mai, 2017 Porto 01:09
    O mundo muda vertiginosamente, os conflitos bélicos do futuro circunscrevem-se em volta da Gronelândia entre as três principais potencias bélicas, os alvos hoje estão em orbita não na velha europa, a vocação da Europa de hoje é aplicar o Plano Marshall com a Africa e América Latina para a qual tem a vantagem da proximidade e dos laços culturais à semelhança do desenvolvido no final da guerra e é nesse sentido que deve ser olhado a visão da senhora Alemão, a guerra económica com as principais potencias consumidoras pode ser interrompido pelos decisores políticos em qualquer momento como se está a verificar, é importante apoiar a Africa e América latina e criemos nelas consumidores com poder de compra para nós crescermos eles também têm de crescer, fora isso estaremos dependentes deste trio USA, China e Rússia.
  • Marco Visan
    30 mai, 2017 Lisboa 23:07
    Sr. JMC, talvez seja melhor rever o seu português e corrigir a sua gralha. Em vez de «...sempre um grande odeio pelo Sr. Sarsfield...» deverá antes escrever «...sempre um grande ódio pelo Sr. Sarsfield...» O senhor pode ser estrangeiro, mas por favor não desmereça a nossa língua. Se quer continuar a bajular o Dr. Francisco, pode continuar a fazer, desde que não dê erros de palmatória. Obrigado!
  • JMC
    30 mai, 2017 USA 16:17
    Como um leitor estrangeiro, acredito que o Sr. Sarsfield Cabral é um dos jornalistas mais equilibrados no seu país. Como muitos cidadãos americanos, subscrevo em relações estreitas entre Portugal e os EUA, bem como relações fortes entre os EUA e a OTAN. Juntamente com a maioria dos cidadãos estadunidenses, não apoio a política externa atual de Trump, nem a do Putin. Atrever-me-ia a dizer que os russos "trocaram" uma ditadura comunista por uma ditadura de mafiosos, tal como o meu país escolheu como presidente um tipo de “mafioso contabilista” para reforçar o sistema económico do meu país. Para já, teremos de aturar e sobreviver! Tendo dito tudo isto, apoio a liberdade de expressão neste fórum dos marxistas Botelho, Galhardo, e não só. Reparei várias vezes que esses leitores mostram sempre um grande odeio pelo Sr. Sarsfield Cabral e para os EUA em geral. Ao olhos deles, o Sr. Putin nunca fez nada de mal! Mesmo assim, acredito que têm o direito de fazer comentários, por mais que nos chateiem! Com fé em Deus, todos nós dos dois lados do Atlântico iremos prevalecer!
  • MASQUEGRACINHA
    30 mai, 2017 TERRADOMEIO 16:08
    Ao JP : Tem toda, mas mesmo toda, a razão. No meu caso, continuo a ler o Sr. S. Cabral, atentamente e do princípio ao fim dos textos. Mas deixei de o comentar, atendendo a que um meu comentário não foi publicado - apesar de estritamente dentro dos Termos e Condições -, e supondo eu que tal se tenha devido ao facto de nele fazer referência à frequente coincidência de temas com outro opinador da RR. Estranhamente, no entanto, são publicados comentários obsessivamente provocatórios ou até de uma má-educação arrepiante... Por que será? Não entendendo as flutuantes regras da moderação, não me parece valer a pena comentar, ou sequer reclamar por isso. Não sou, aliás, caso único, note-se. Mas suponho que certas ausências até deixem o Sr. S. Cabral mais feliz. Infelizmente.
  • JP
    30 mai, 2017 Lisboa 13:19
    Resposta ao Asdrubal. O seu conceito de democracia é no mínimo patético aliás na linha editorial da atual comunicação social existente. Eu já cheguei à conclusão que o dono disto tudo não era nem nunca foi o Salgado mas sim os donos da DESINFORMÇAO a quem Salgado pagava para plantar o que lhe era mais agradável. Como se percebe o dono não paga. Repare que existem propagandistas que se dizem comentadores, opinadores e politologos que transitam diariamente dos jornais para as rádios e das rádios para as tvs a dizerem e a escrever as mesmas coisa como sendo pensamento único. Mas esta gentalha vai mais longe falam de partidos e de PORTUGUESES sem direito ao contraditório. Se o sr Asdrubal chama a isto democracia. O sr Cabral tem sempre a prerrogativa de usar o contraditório, aliás já o fez no meu caso, através do e-mail que todos o que aqui comentam têm que dar a conhecer. Sr Asdrubal eu sempre abominei a bajulação e a subserviência. Quem comenta nas redes sociais está sujeito ao escrutínio de quem aqui vem ler o que se comenta. O sr Cabral é uma figura pública conhecida que se expõe aos que gostam e os que não gostam. Eu comento as suas narrativas quando não estou de acordo quando estou de acordo não comento pois o dr. Cabral não deve gostar de ser bajulado. Veja o exemplo daquela criatura que usa a SIC para se promover e depois crítica o ministro Centeno por estar (mentira) a fazer-se a um cargo na UE. Se tinha má opinião deste senhor agora bateu no fundo.
  • Vítor Lopes
    30 mai, 2017 Lisboa 13:04
    Não me interessando pelo tema, mas agradecendo ao autor FSC a amabilidade em censurar ou cortar com os comentários de Miguel Botelho, Alexandre e João Galhardo. Desde que fiquem os comentários a favor de FSC (em maioria), está tudo bem.
  • Nuno Dias
    30 mai, 2017 Porto 10:50
    Mais um texto fraquíssimo, superficial, ingénuo e propagandístico, duma pessoa que deveria ser superior e imparcial. Agressividade Russa?? Continuamos com o mesmo.... Quem estão os Russos a ameaçar exactamente? A guerra fria não acabou...aliás nunca esteve tão "quente"! Que eu saiba os EUA estão envolvidos em 7 guerras de momento (7!!!)....os Russos estão a travar que guerras?!! Quem nos protege dos americanos afinal?? Da sua prepotência, arrogância e imperealismo?? Assim sendo prefiro uma Europa bem longe dos EUA, em todos os aspectos! Convençam-se que hoje já há informação, e não só propaganda, como FSC gosta tanto de espalhar, como um distribuidor de panfletos.
  • ASDRUBAL MARTINS
    30 mai, 2017 Lisboa 08:14
    Não li o texto, mas aprovo 100% tudo o que FSC escrever. Continuo a agradecer que não deixe aparecer qualquer comentário de Miguel Bitelho, João Galhardo e Alexandre. É bom para democracia.