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​Vigília em Espinho contra “desactivação” de ambulância do INEM

17 abr, 2017


Instituto Nacional de Emergência Médica responde que ambulância vai passar a ser operada pelos bombeiros locais, que têm todas "formação para responder à totalidade das ocorrências".

Dezenas de pessoas concentraram-se esta segunda-feira no Hospital de Espinho contra a “desactivação” de ambulância local do INEM. O Instituto Nacional de Emergência Médica emitiu um esclarecimento na sequência do protesto.

A Ambulância de Emergência Médica (AEM) ficou afecta ao concelho em 2007, como contrapartida pelo fecho da Urgência local.

Segundo Miguel Barbosa, porta-voz do movimento "Não ao fecho da AEM de Espinho", o objectivo deste protesto é reivindicar a manutenção de um serviço que, a desaparecer agora, "só irá prejudicar ainda mais a população de Espinho e a das freguesias mais próximas", em concelhos vizinhos como os de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira.

"O INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] precisa de 384 técnicos de emergência pré-hospitalar, que são os que trabalham nestas ambulâncias, mas abriu um concurso que só prevê 100 vagas", revela Miguel Barbosa.

"Como se isso já não fosse mau o suficiente, dada a carência que temos de profissionais nesta área, foi ainda anunciada uma redução das ambulâncias disponíveis e querem fazer desaparecer a de Espinho, esquecendo-se que ela veio para o concelho numa espécie de compensação pelo encerramento da Urgência do hospital em 2007", realça esse responsável.

Segundo a cronologia disponibilizada pelo movimento, em Março deste ano o Ministério da Saúde propôs a desactivação de oito AEM e a redução de horário noutras seis, após o que o próprio INEM entregou à tutela uma proposta que contempla o fecho de uma única viatura de emergência (a de Espinho) e a redução de horários de funcionamento noutras 13.

INEM passa ambulância para os bombeiros

Na sequência do protesto popular, o Instituto Nacional de Emergência Médica emitiu um esclarecimento, onde explica que vai deslocar a ambulância para os Bombeiros Voluntários de Espinho, “através do estabelecimento de um Protocolo de colaboração para criação de um novo Posto de Emergência Médica (PEM)”.

“Na prática, o concelho terá sempre disponível uma ambulância do INEM, a funcionar 24 horas por dia, mas a sua operação transitará do INEM para a corporação de Bombeiros do concelho, entidade com capacidade instalada e com recursos humanos com a devida formação para responder à totalidade das ocorrências no âmbito da emergência pré-hospitalar e que assim verá reforçada a sua capacidade de intervenção”, argumenta o Instituto.

Durante o protesto desta segunda-feira, Moisés Ferreira, deputado do Bloco de Esquerda (BE) por Aveiro, alertou: "Dizer que as ambulâncias de emergência médica podem ser substituídas pelas dos bombeiros é incorrecto, porque o serviço prestado por uns e outros não é o mesmo. Os técnicos de emergência pré-hospitalar, que são quem na maioria das vezes tripula as viaturas do INEM, têm competências completamente diferentes e estão muito mais preparados para acorrer a casos graves".

Para este parlamentar, a reestruturação de meios no INEM não pode ser feita à custa do de um serviço que já veio para Espinho para substituir outro recurso extinto pelo Governo.

"Se isso acontecer, só se estará a fragilizar ainda mais os serviços de saúde prestados no concelho", avisa.

Num parecer sobre o mesmo tema disponibilizado à Lusa pelo porta-voz do movimento, a Comissão de Trabalhadores do INEM declara: "Cientes da urgência da matéria e dificuldade gritante de recursos humanos, cuja resolução tarda em chegar, ainda assim opomo-nos frontalmente a qualquer fecho de meios que se proponha, nomeadamente o da AEM de Espinho".

A mesma estrutura laboral considera que as propostas actualmente em análise com vista à reorganização dos meios de emergência nacionais são, aliás, "incompletas, excluindo incompreensivelmente a totalidade dos meios, nomeadamente as Ambulâncias SIV [Suporte Imediato de Vida], as UMIPE [Unidades Móveis de Intervenção Psicológica de Emergência] e os MEM [Motociclos de Emergência Médica] ".

"Preocupa-nos particularmente o fecho do horário da noite, num total de 13 ambulâncias a nível nacional. Irá ser posto em causa o socorro em várias áreas urbanas, sem alternativa e, com o período de verão, esse risco será agravado pela necessidade de envio de bombeiros para o DECIF [Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais] ", concluem os trabalhadores do INEM.

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  • Políticos a mais
    28 abr, 2017 Tavira 10:50
    Assiste-se a casos caricatos. Os portugueses pagando os seus impostos bastante pesados , alguns que nem ao dibo lembra são obrigados a implorar que não lhe retirem os serviços dos quais precisam no dia a dia. Isto revela bem as políticas que nos impõem , cuja qualidade deixa muito a desejar.